Narrado por Elie
Jessica trouxe todos para a sala. Todos estão indignados comigo e Nicolas, até Amelia, que não deve entender muito sobre o assunto.
— Eu não tenho que dar explicações a vocês. — digo mais baixo do que o esperado e não convenço nem a mim mesma.
— Elie, você não sabe o quanto o que fez é perigoso. — Stewart diz com um olhar pesado. Sentir que até ele está me reprovando faz com que eu me sinta constrangida.
— Não entendo o que se passou pela cabeça de vocês. — quero dizer a Elisa que ela não é a minha mãe, que nos conhecemos agora e ela não tem o direito de se zangar comigo, mas não posso. Todos nessa sala fizeram ou fariam de tudo para me manter longe de qualquer perigo.
— Por que você fez isso, Nicolas? O que caralhos você ganha com isso?
— Eu ganho? — o de olhos amarelados se levanta do sofá, de pé assim como a fera — Você não me conhece a sua vida inteira, Sloan? O que eu fiz foi dizer a ela a verdade e contar todas as opções a ela. Eu nunca, nunca quis mentir para ela.
Sloan ergue uma sobrancelha, cético.
— Se ela soubesse de tudo, não faria o que fez.
— Então por que vocês nunca me contaram? Por que você mente para mim? — ele finalmente me olha, como se só agora se tocasse de que estou aqui.
— Eu não menti para você, Elie. Você queria que eu te dissesse e explicasse isso quando? Quando você estava chorando pela Rose ou quando eu descobria que a minha mãe me amou de verdade e eu simplesmente esqueci dela durante a minha vida inteira?
É como se Sloan, ao mesmo tempo em que é insensível, estivesse finalmente sentindo alguma coisa. Nego com um aceno de cabeça e me sinto constrangida por discutir com ele na frente de todos, mas tudo isso me deixa inconformada demais.
— Como se qualquer um de vocês fosse aceitar a minha escolha depois que eu soubesse de tudo, não é? Vocês mentiram para mim, me fizeram parecer uma louca.
Sloan ri de forma fria.
— E eu faria o quê? Te obrigaria a não fazer o que você decidiu fazer? Você está se ouvindo? Você está literalmente dizendo que eu escondi coisas de você, para justificar que você estava escondendo algo desse nível.
Afundo o meu rosto em minhas mãos e dou as costas a ele.
O pouco de maturidade em mim diz que ele está certo, mas todo o ódio e o rancor por conta do que fizeram comigo, me faz borbulhar de raiva.
— Há milhares de pessoas vindo atrás de você nesse exato momento, Elie. Você e Nicolas... — eu interrompo Amelia, que demonstra saber mais do que eu pensava.
— Nicolas não decidiu por mim. Ele me disse as minhas opções e me explicou o que mais ninguém aqui quis explicar. — volto a olhá-los — Vocês não entendem que eu não fiz isso só por mim. Eu posso ajudar Elisa e assim podemos parar Zarina. Ninguém mais morreria. Os meus filhos e os filhos deles poderiam existir e ter a quem amarem. Ninguém merece isso, não é justo.
Pela primeira vez, Sloan desvia o olhar de mim.
— Isso devia ser meu por direito, não é? — olho para a minha mãe — Eu tenho o mesmo sangue que você. Por que vocês estão tão desapontados comigo?
Me sento no braço de um sofá vazio, exausta e irritada. Nico se aproxima de mim, demonstrando que não estou sozinha e me apoia.
— Minha filha... — ela me olha e gesticula em negação e pena. Vejo-a se aproximar e segurar o meu rosto com as duas mãos — Nós não teríamos que derrotar apenas uma pessoa, mas sim dezenas de milhares de descendentes dela, de todas as cepas, as duas filhas infinitamente mais fortes que eu e, aí sim, chegaríamos em Zarina.
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A Fera
RomantikEle sempre esteve por perto. Sempre. Ele nunca parou de me observar, cuidando para que eu nunca ficasse em perigo, para que nada de mal acontecesse comigo. Se algo desse errado, simplesmente aparecia, me ajudava e, então, sumia outra vez. Ele me pr...