Capítulo trinta e um

10.9K 1.1K 262
                                    

Narrado por Sloan


  Feras tem sentidos completamente aguçados, e com eles podemos identificar mentiras com muita facilidade — ou seja, mentir para mim é algo difícil. Depois de anos vendo Elie de longe, eu conheço o seu jeito, noto coisas que ninguém notaria. O problema é que essa mulher finge bem demais, então fica complicado.

  — Eu estou falando sério, você não pode ir. Isso é perigoso demais.

  — Ok. — ela dá de ombros, tranquila.

  O que acontece é que Nico, Antony e eu vamos nos encontrar com a bruxa desconhecida e Elie queria ir junto, mas isso pode ser uma armadilha do meu pai para machucá-la, além de que eu não sei se ela aguentaria a verdade agora.

  — Prometa. — ergo as sobrancelhas, mas não falo sério.

  — Não faço promessas. — ela me lança uma piscadela e eu entendo ao que se refere. Ela está sentada com o cão Rose em seu colo, acariciando o pelo branco. Ele acabou recebendo o apelido de Bob, mas prefiro o chamar de Rose — Mas está bem.

  As suas pupilas não dilataram como acontece quando mente, ela não desacelera a respiração e nem fixa o seu olhar no meu, tentando passar segurança. Ela parece normal.

  — Eu vou ficar com a Luce e a Amélia, tenho que arrumar algumas coisas para levar pra casa do seu avô mais tarde e vou tentar distrair a Luce com as coisas do apartamento, ela parece meio desanimada. — espero que ela não conte sobre o que o Antony descobriu, porque ainda não é o momento.

  — Certo.

  — A Amélia e eu queríamos levar ela numa loja de roupinhas de bebê que abriu no centro, ela ainda não comprou nada.

  — Ah, acho melhor não.

  — Por quê? — penso numa resposta boa o suficiente.

  — Eles estão com a grana limitada, ela pode ficar meio triste.

  — Tem razão. Vou ver se consigo alguma coisa pro Antony no escritório. Algum bico, sei lá.

  Ver a sua boca vermelha pelo frio me deixa com vontade de beijá-la. Tiro o cachorro do seu colo e me inclino sobre o seu corpo. Ela está vestindo um moletom verde e tem as pernas cobertas por um cobertor azul. Eu sinto vontade de me sentar ao seu lado e ficar a tarde toda com ela a aproveitar o clima, mas não posso.

  Me contento em beijá-la uma vez ante de me afastar e lembrar da conversa que tive com Nico.

  — Você quer namorar comigo? — seus olhos se arregalam levemente e quase consigo ouvir o seu coração desacelerar por um segundo.

  — Quero.

  — Então eu preciso fazer alguma coisa?

  — Como assim? — seu sorriso é encantador.

  — Um pedido.

  — Ah, isso não foi um pedido?

  — Sim, eu acho. O que eu quis dizer é que... — me sinto perdido. Eu nunca me sinto assim, gosto de estar no controle da situação e não arriscar me estressar.

  — Você não precisa fazer mais nada, pode ser um pedido simples. — há uma expressão divertida no seu rosto e suas bochechas estão rosadas.

  — Isso quer dizer que você aceitou o meu pedido implícito? Ou explícito demais.

  — Sim. — ela me lança uma risada gostosa de se ouvir, antes de me puxar para mais um beijo — Vamos esclarecer as coisas: eu aceito namorar com você, Sloan.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora