Capítulo quarenta e um

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  Cassandra está sendo abraçada por Noah enquanto lágrimas lentas caem por seu rosto.

— Eu estava tentando gravar uma fita para que ele assistisse depois da minha morte. — ela desvia o olhar inchado.

Arfo. Seria mais fácil de resolver se fosse alguma ameaça física.

— Cassie... — sussurro, engolindo em seco.

Um silêncio incômodo se instala, até que a respiração profunda da ferinha nos meus braços corta a falta de som.

Eu percebo que durante todo esse tempo eu simplesmente me esqueci de procurar por uma solução para o que aflige Cassandra, inebriada pela vida tranquila que passamos a ter. Enquanto isso ela veio sofrendo todas as vezes que olhava para o filho e se lembrava de que seu tempo com ele tinha dia e hora para acabar; que ela não viveria as infinitas coisas que uma mãe quer viver com o filho.

Noah sente que esse é um papo para pessoas que estão diretamente ligadas a maldições e pega Sloan do meu colo, me lançando um olhar de pena antes de ir para o quarto com o bebê.

Quando ficamos sozinhas, me sento ao lado dela e me abaixo para pegar a fita caída no chão, porém ela também faz o mesmo e as nossas mãos se tocam, e eu noto os machucados nos cantos de suas unhas, com as cutículas feridas de forma que estão até escuras por conta do sangue. Franzo o cenho, preocupada, e me pergunto como ela vem conseguindo cozinhar com essas feridas nos dedos.

Isso não dói?

Não o suficiente. seus olhos inchados mostram a agonia que ela vem sentindo – Uma vez eu li que a depressão é o excesso do passado, o estresse é o excesso do presente e ansiedade é o do futuro. O que é se você sofre os três?

Tenta lidar com uma coisa de cada vez. digo o óbvio. Sou péssima com palavras.

Eu sei o que você vai dizer, que vai procurar uma solução e vamos resolver isso, mas eu não consigo... suas palavras se perdem no frio da madrugada.

Vou ajudar você com o vídeo. eu limpo uma lágrima do canto dos seus olhos e ela assente, tentando forçar um sorriso, porém sem conseguir.

~~~*~~~

Nós comemorávamos o aniversário de Cassie, fazendo um piquenique no nosso próprio quintal, quando eu senti o primeiro sinal. Eu estava sentada ao lado de Sloan, dando bolo de chocolate para ele, que com os seus dois anos tinha chantilly como a sua opção de comida preferida no mundo. E então, de repente, eu me senti enjoada ao sentir o cheiro do cachorro-quente que Noah trazia.

Coloco Sloan na grama e seguro o vômito enquanto corro para dentro de casa. Eu me inclino sobre o vaso e um segundo depois as mãos de Cassandra estão erguendo o meu cabelo, me ajudando.

O que está acontecendo? – me levanto e enxaguo a boca com enxaguante bucal antes de escovar os dentes. Molho o meu rosto e nuca com a água gelada, mas não me sinto melhor.

Eu não sei, foi um mal-estar repentino.

Eu estava reparando numa coisa... ela cruza os braços e se encosta na porta enquanto me vê prender o cabelo.

O quê?

Quando foi o seu último ciclo? franzo o cenho e, quando cai a ficha do que ela quer dizer, um frio gelado sobe pela minha espinha.

A FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora