CAPÍTULO 54

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ESTEVAN O'NEILL

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ESTEVAN O'NEILL

— Deixe uma dose pra mim. - pego a garrafa de whisky na bancada do bar, derramando o que sobrou do líquido no copo.

— Eu não quero conversar agora Me deixe sozinha, por favor. - Pede, virando a última dose de uma só vez.

— Cadê toda a força que você sempre cobra de todo mundo? Vai fugir de um diálogo? Sabe que temos que conversar. Sou do tipo de pessoa que gosta de respeitar o espaço mas que também não gosta de empurrar os problemas para baixo do tapete.

— Eu tento ser forte e olha o que isso me causou... Eu feri e magoei a minha filha. A única pessoa que eu não poderia falhar, eu falhei.

— O problema não é ser forte, é algo seu...da sua personalidade, o problema é cobrar dos outros a mesma força. Você sabe disso, eu sempre disso isso.

— Ok, eu entendi. Eu fui uma péssima mãe, você disse e eu não ouvi, você estava certo. - Admite pesadora. Ela não queria estar errada, e pela primeira vez, não por ego ou por orgulho, e sim porque ninguém quer errar quando se trata dos filhos.— Eu só quero beber, como não bebo há muito tempo.

— Nunca disse que foi uma péssima mãe, só fui dura demais. E sim, eu avisei...sabe que temos visões diferentes sobre a dor. Você sempre achou que a dor fortalecia, e eu sempre vou acreditar de que isso não passa de romantização. A dor só fragiliza, forte é aquele que nunca precisou sofrer de verdade.

- Só queria que ela fosse feliz, aqui, lá... Com Barry ou Alessandro, mas nunca colocando sua felicidade nas mãos dos outros. Casada ou solteira! Eu... Nem sei. - Suspira, levando a mão a testa.

— E eu desejava o mesmo, por isso nunca fui a favor de deixar ela perto do Alessandro, porque eu sabia que em algum momento, quando menos esperassemos, ele daria um jeito de coloca-la no altar.

— Você estava certo! Agora eu preciso ficar sozinha. - Fecha os olhos.

— Precisamos estar mais juntos do que nunca. - me aproximo dela, deixando o copo na bancada do bar e fazendo o mesmo com o dela quando tiro de sua mão. — Nossa filha está em casa, precisa de carinho e compreensão, e de proteção, porque não sabemos se vai a ver vingança. Essa calmaria pode ser apenas o mar recuando para voltar com um tsunami.

— Eu estou magoada com você, você é única pessoa a qual eu posso ser frágil, que me sinto protegida e a minha guarda estava baixa, eu não esperava ser atacada, não esperava o jeito que me olhou, o jeito que me tratou.

— Nao pude agir de outra forma, porque eu vi ali o motivo de toda minha revolta vir a tona. Eu sempre soei como um paranóico quando dizia que aquilo iria acontecer, e você ignorou tudo, esqueceu que Angelina é nossa filha, e como na maioria dos assuntos desta família, quis tomar a frente porque o seu jeito era mais certo. E não era.

— Do que está me acusando, Estevan? seja claro.

— Não é claro para você? Você é muito segura de que tudo a sua maneira é mais bem sucedido, eu sempre admirei a sua força e segurança, mas o quão autoritária você é me incomoda às vezes. E quando se trata de Angelina, me incomoda mais ainda. Não se pode estar certa sempre, e isto é algo que você nunca aceitou.

— A essa altura você está me acusando de mandona e autoritária? Porque não disse isso antes? Esperou vinte anos para dizer que eu mando na família? E decidiu jogar no pior momento possível? Quando eu já estava mal, resolveu joga tudo de uma vez.

— Não era evidente para você? Eu sempre deixei claro que isso me desagradava, precisava dizer para uma mulher adulta e tão cheia de si como ela agia? Achei que se enxergava. Quando tentei ser mais transparente nesta relação você decidiu que a vida de casada não era para você, que era regrada demais e decidiu ir embora com a minha filha.

— Estava demorando... Toda vez que nós brigamos você volta a nossa separação. Eu fui embora sim, porque estava me sentindo acuada e nervosa. Eu tinha o direito de querer ir embora, não tinha? Tudo era novo, você, a Irlanda, a máfia, o bebê e o casamento. Foi demais para mim...

— Tinha o direito de ir embora, eu nunca tentei te impedir e nem te trazer de volta a força. Mas não fique cobrando que não haja sequelas desse abandono.

— Abandono? Estevan, Se eu fosse má e maquiavélica como você diz eu teria ido pra Itália onde você nunca iria poder entrar, mas não, eu fui pra Rússia, onde eu sabia que você poderia facilmente me achar, entrar e me trazer de volta. Eu vim de volta, assim que você apareceu.

— Eu não deveria ter que correr atrás de alguém que eu já achava que era minha, de alguém que já havia se casado comigo. O que mais me deixou com raiva diante a toda essa situação foi você ter tido a coragem de puxar minha filha pelo braço na porta da igreja e a chamar de covarde por não querer se casar a força, enquanto você fez o mesmo quando já estava comprometida até o pescoço. Não enxerga que na sua cabeça só você tem direito as coisas, não é? Só você pode se sentir pressionada, acuada e magoada. Comece a olhar para as pessoas ao seu redor e menos para você mesma.

— Você nunca vai me entender, Estevan. Eu sou a mãe dela e sinto muito se não sou boa como você.

— Eu não sou perfeito, mas isso não é sobre perfeição. Isso é sobre não ser egoísta, é sobre não ser alguém que condena e que cobra o que nem si próprio pode oferecer. Estava se sentindo acuada com um casamento que aceitou por livre e espontânea vontade? Por uma família que quis ter comigo? Pela vida diferente que fez parecer animada para ter?! Imagina como minha filha se sentiu com um casamento que ela não queria, em um país onde ela não deveria estar!

Ela fica calada.

— Me desculpe... - Diz num fio de voz, já exausta.

— Eu já te desculpei. Só exijo que não se coloque na posição de coitada por eu ter ficado irritado com você e com o mundo ao ver que minha filha chegou aqui depois de escapar da morte.

— Você me atacou e me magoou, eu não posso mudar o que eu sinto. E como eu disse, me desculpe por não ser perfeita.

— Eu também tenho minhas mágoas, as antigas e as novas...- olho envolta, esfregando a ponta do nariz com as costas da mão.

—  Vamos focar na Angel e esquecer nós dois...

Vou até ela, a levantando do sofá, segurando seus dois antebraços, mantendo-a de frente para mim.

— Seja justa com a nossa filha, aprenda a escutar a mim e a ela, a ceder as ideias e vontades que não sejam só as suas. Eu vou aprender a superar o passado e perdoar os erros. - assinto a olhando nos olhos. — Eu te amo, e amo nossa filha. Não podemos esquecer de nós e focar nela, e nem esquecer dela e focar em nós. Somos uma família.

— Eu também te amo.

Beijo sua testa e prendo seu corpo no meu, sentindo a quentura do contato e misturando nossas respirações quando me aproximo mais  para tomar seus lábios.

DARK : THE FINAL POSSESSION  Onde histórias criam vida. Descubra agora