Na entrada da igreja meu pai me espera com um olhar indecifrável, ele sabia que havia algo de errado...e certamente minha mãe foi atrás de mim no lugar dele, mesmo sabendo que algo de errado aconteceu ele me dá seu braço e me olha com carinho, dizendo em silêncio apenas com o olhar que tudo ficará bem e que me ama, sorrio para ele de leve.A marcha nupcial começa e o primeiro passa para dentro da igreja só não será mais difícil que o último para chegar ao altar. Ao longe vejo Alessandro, ansioso e nervoso por toda a espera que o fiz passar até esse momento, e não estou falando sobre hoje, e sim sobre toda a vida. Não olho para as pessoas sentadas no banco, foco somente em Alessandro, no objetivo final, evitando ver rostos de desprezo ou julgamento. Seguro mais em meu pai que me apoia, me impede de desabar Quando chego no altar, ele entrega minha mão para Alessandro com dificuldade, relutante em dar sua garotinha a um homem que ele sabe que é perigoso, sabe que pode me matar...mas a ameaça de morte vem do meu pai, em seu olhar predador para Alessandro quando pega minha mão, nos deixando sozinhos no altar e vai para a primeira fila ao lado de minha mãe, Alexander, Lana, Esther, Eric, Nádia, Philip, Ana e Nico.
Vejo de rabo de olho minha mãe suspirar quando balança a cabeça em reprovação pelo que tive que passar para chegar até esse altar hoje.
Minha mão é segurada com força por Alessandro.
- Não precisa segurar tão forte...- sinto a força que exerce na minha mão e um levo tremor vendo que ele estava nervoso demais com a demora de hoje, mas do que parecia de longe. - Não tenho para onde fugir. - digo em um sussuro.
E não tenho mesmo...e eu quase tentei.
- Onde estava? - sussurra entre dentes se ajoelhando no altar junto a mim.
- Arrumando o vestido...- desvio o olhar para o padre.
- Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Angelina O'neill e Alessandro Petrov. Nosso futuro sub-chefe e nossa segunda dama... O futuro da Salazar e todos nós... do ventre dela sairá o futuro, a nossa continuação e poder.
Prendo o ar com as palavras que me atordoam, dias atrás eu estava tão feliz e assustada com a ideia de ter filhos com ele, e agora estou só com medo mesmo...depois dessa traição é o que eu menos quero. Dessa possível traição...pensar no sim e no não do que aconteceu só me atordoa e confunde mais, se eu pensar que não posso estar me prendendo na armadilha e me iludindo e se pensar que sim só fico mais triste, com raiva e ciúme.
Os votos...
Nos viramos um de frente para o outro e damos as mãos, não sei o que vou dizer a ele...as coisas foram se atropelando tanto que não preparei nada para dizer nos votos.
Suspiro...tirando uma mecha de cabelo da frente do rosto.
BARRY O'CONELLSuspiro passando a mão na cabeça frustrado... Angelina ao invés de conseguir me afastar só me deixa mais apaixonado, sua doçura e coragem de sacrificar sua vontade apenas para felicidade daqueles que importam pra ela é um gesto nobre que me orgulha e ao mesmo tempo entristece por aumentar a distância entre nós. Não tenho coragem de entrar na igreja, de assistir sua mão ser entregue a um homem como Petrov. Ela não vai o aguentar por muito tempo, estarei aqui por ela, Angelina sabe que ninguém pode ama-la como eu, cuida-la e compreende-la como eu. Eu talvez aceitaria a derrota se fosse um homem capaz de ser o que ela merece, ou se ela ao menos dissesse que o ama apesar de todos os defeitos, mas paixão...paixão é um sentimento muito instável, muito fraco perto da certeza do amor, a paixão sozinha nunca é o suficiente para manter um relacionamento de verdade, um casamento. Eu a amo.
Seria muita blasfêmia contra Deus entrar naquela igreja e fingir que não quero incendiar tudo e impedir aquele casamento a qualquer custo, que não quero que ela seja entregue por Deus e a justiça ao Petrov, uma enorme blasfêmia...e apesar de não ser um homem espiritualizado não sou desonesto, não agiria assim.
Viro a cabeça ao ouvir barulhos de salto contra o chão com uma força estranha, e vejo de quem se trata quando ela passa por mim a caminho da igreja, em uma postura desajustada por sentimentos ruins, toda sua pose altiva, confiante e calculista da outra vez substituída por pura impulsividade e inconformação.
- Pelo que sei não recebeu um convite.- seguro seu braço com força a impedindo de chegar ao seu destino.
- Me larga. - Diz entre dentes me olhando com a mais profunda raiva de uma mulher rejeitada. - Eu vou impedir essa palhaçada.
- E o que acha que vai acontecer? Que ele vai acabar o casamento por sua causa?
- Ninguém quer esse casamento, ele está cego e não vou deixar que ele jogue a vida dele fora. Se você é covarde demais para fazer algo, eu não sou. - Puxa seu braço com força saindo do agarre da minha mão quando deixo apenas para a empurrar para trás.
Angelina vai voltar para mim, tenho certeza que vai...mas fará por conta própria.
- Você é covarde o suficiente para não encarar o fato de que ele não te quer de forma alguma...ele pode ter traído Angelina com você se aquilo não foi uma armação sua que fez sozinha por não ter minha ajuda...o que eu já acho ruim o suficiente mas a insistência dele nesse casamento só mostra que ele nunca terá olhos para você para te colocar como esposa. A Angelina escolheu entrar lá e se casar, mesmo que ela me queira escolheu ir até lá pelos motivos dela, e se é o que ela decidiu por agora, nem eu e nem você irá impedir isso. Não vou deixar nunca que alguém se ponha como pedra no caminho dela.
O mundo seria muito melhor sem pessoas como ela...e eu estaria fazendo um favor a matando aqui.
- Eu sou cega e você está aí falando que ela quis casar mesmo querendo você. - Abre um leve sorriso de deboche sem acreditar em minhas palavras. não me importo com isso, não tenho que provar nada a ela e nem a ninguém.
- Você não sabe nada sobre Angelina e seus motivos, mas sabe sobre o Petrov e sabe que ele não quer você como mulher dele. Não me faça perder a compostura e matar você aqui mesmo na porta da igreja, é algo que tenho vontade e coragem de fazer mas não quero tornar este dia ainda mais trágico.
- Eu vou matar a sua queridinha... - cospe entre dentes e seus olhos transparecem toda loucura da sua cabeça. Uma completa desequilíbrada.
Esgotando o restante da minha paciência a puxo pelo pescoço e pego minha arma colocando o cano gelado embaixo do seu queixo.
- Se eu apertar o gatilho a bala vai passar pela língua grande e venenosa e vai atingir esse cérebro perverso que tem, e Deus me perdoe por como vou amar me sujar com seu sangue. - a jogo no chão com toda força fazendo um baque e vejo que seu salto se quebra e o vestido se suja. - Levanta...- aponto com a arma para ela até o caminho atrás se si ignorando seu estado - E suma.
Com os olhos cerrados pra mim, vejo que agora ela me colocou na lista de fortes inimigos.
- Eu não preciso fazer mais nada... Você mesmo vai matar a bobinha lá dentro e se matar junto. E quando Alessandro matar os dois eu vou estar aqui... - Recua alguns passos empurrando meu peito com uma expressão de nojo, nariz e lábios franzidos, eu não retribuo o gesto ou demonstro no meu rosto que sinto o mesmo, apenas me mantenho neutro sabendo que meu desprezo e nojo por ele é infinitamente maior por dentro. - Não durma, pois vou estar de olho em você.
Ela me dá as costas com dificuldade pisando torto devido a ponto do salto estar quebrada pelo meu empurrão.
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DARK : THE FINAL POSSESSION
HumorDISPONÍVEL NA LERA E BUENOVELA A queda de Alessandro Petrov ocorreu quando o belo anjo de cabelos acobreados assim como a auréola sobre sua cabeça, apareceu na porta de seu escritório. Os olhos grandes cor de ambar brilhantes implorando por algo qu...