ANGELINA
— Pode entrar! - jogo todas as coisas na caixa e empurro para baixo da cama.
— Eu não quero te interromper.. Só... Só fiz chá de morango e trouxe pra você. - Diz colocando a xícara em cima do criado mudo.
Sorrio levemente ao sentir o cheiro crítico adocicado que exala do vapor de xícara.
— É o meu favorito...
— Eu sei, Eu fazia quando você era criança, talvez ajude... - Suspira, se afastando.
— Já vai?
— Não quero tornar isso mais difícil para nenhuma das duas. Espero que tenha desabafado com seu pai.
— Sim, eu desabafei. E queria que estivesse lá para ouvir mas você saiu...- digo baixo.
— Porque o que eu tinha para falar não era o que você queria ouvir. Mas se quiser me dizer o que está sentindo, pode me falar. Do fundo do seu coração.
— Não quero dizer nada, só espero que não esteja assim porque está decepcionada comigo. Eu sei o que sempre esperou de mim, que sempre esperou que eu fosse tão forte quanto você.
— Minha filha, nada do que você faça vai me decepcionar..Eu te amo do jeitinho que você é. - Coloca uma mexa do meu cabelo para trás da orelha. — Mas eu tenho medo, medo de acabe morrendo. E se você morrer... Eu nem sei... - Balança a cabeça, desnorteada. - E naquele momento da igreja eu só tinha medo que Alessandro te encontrasse e te matasse.
— Você disse que estava decepcionada comigo, que errou na minha criação e que eu era uma bebê fujona e não a mulher que você tinha criado. Eu nunca tive a intenção de dar desorgulho...queria muito ser o que você desejava, mas eu não sou.
— E eu errei. Eu admito... Mas a minha intensão naquele momento nunca foi te ofender, magoar ou ferir. Eu venho de mundo muito ruim, onde eu aprendi desde cedo que pessoas boas não vivem muito. Graças a Deus você nunca vai passar pelo que eu passei. Naquele momento eu vi a situação com os olhos da Morgana, a assassina dura e cruel mas fui movida pelos sentimentos da Laura, e quando se mistura razão com emoção, não sai boas coisas.
— Eu sei, meu pai disse o mesmo. - Assinto entendendo. — Mas eu só queria não ter que ouvir sempre tantas ordens sobre minha própria vida...o que tenho quer ser ou fazer.
Só queria poder ser eu mesma, afinal, na hora de viver um casamento, uma briga ou qualquer coisa do tipo, não tem como pôr ninguém no meu lugar, só eu vou estar lá por mim de fato, mesmo que depois venham me defender. Eu quero fazer minhas próprias escolhas e ser eu mesma porque é a minha vida.
— Eu sinto muito se eu fui tão protetora, sinto se quis mandar na sua vida. Acho que eu nunca tive uma mãe e... Talvez eu quis te dar em excesso o que eu não tive, mas excesso é sempre ruim. Mas eu também me magoei muito quando você chegou, eu só queria te dar meu amor e minha proteção e você não quis eu tomei um choque muito grande e talvez tenha ficado reativa.
— Não é que eu não queira, só estava com medo de você. Você ficou tão quieta e distante, meu pai estava entendendo melhor e você saiu.
— E me mágoa você ter medo de mim, eu não quero que tenha medo de mim. Eu te amo...
— Eu senti muita vergonha de mim mesma quando eu estava tão submissa e manipulada pelo alessandro, todos me avisavam, o Barry estava enlouquecendo também já com o tamanho da minha cegueira por amor. E quando eu acordei do transe, eu só pensei em como eu não sou nada como você...isso jamais aconteceria com você.
— Não, Angelina. Quando eu falo que eu queria que fosse forte, não quero que seja como eu, má e manipuladora. Você pode errar, todos erramos, você é jovem minha filha. Eu só quero que você saiba sair das situações sem se machucar. Mas eu prometo que não vou mais me meter na sua vida, que só quero te dar amor e está do seu lado, esteja onde estiver, com quem estiver.
— Acha que o Alessandro vai se vingar da gente?
Ela faz que não.
— Não sei, nunca se pode confiar nessa gente. Mas ele poderia ter te matado naquele momento, poderia ter matado o Barry... Mas não fez. Talvez ele te deixe em paz, nos deixe em paz... E... Posso pergunta sobre você e o Barry?
Faço que sim com um mínimo sorriso.
— Sua escolha foi ele? Estão namorando?
— Não. - faço que não com a cabeça, namoro é uma palavra forte. Estamos nos permitindo, eu sei que pular de um relacionamento para outro não é a melhor forma de superar, mas eu tenho que viver isso, se eu e Barry tivéssemos nos dados uma oportunidade anos atrás, isto não estaria acontecendo. Ou estaríamos juntos há anos ou separados com sentimentos bem resolvidos. — Mesmo amando Alessandro demais, naquele momento, escolher o Barry também foi escolher a mim. Eu precisava salvar ele e depois vi que também precisava me salvar.
— Isso me deixa orgulhosa... Pensa em você.- Beija minha testa.
— Nós vamos viver isso, ficar juntos e ao mesmo tempo livres. Assim vamos saber o que é isso tudo, vamos saber se isso vai dar certo.
— Eu prometo que não vou me meter. Eu juro. Agora tome seu chá, eu te amo.
— Eu também te amo, mamãe.
[...]
10 dias depois...
Barry e eu não nos vemos desde o dia em que voltei para minha casa, embora estejamos nos falando por telefone. Ele voltou aos treinamentos, as operações cotidianas da O'neill.
Estou afastada dos trabalhos da O'neill e de qualquer notícia do mundo, dei um tempo para conseguir assimilar o fim do casamento, dizer a mim mesma que tudo bem não dar certo, tudo bem ter perdido a si mesma num relacionamento tão problemático. Eu tenho que me perdoar e perdoar Alessandro para seguir em frente em paz.
Não tenho raiva dele, não consigo ter, nós depois erramos, um mais do que o outro. Só torço para que ele não faça mal a mim e a minha família como sempre ameaçou, coisa que foi o principal fator para que eu dissesse "sim" no altar. Prefiro acreditar que se fosse para ele fazer mal a mim, já teria feito naquele dia ou nesses últimos que se passaram.
Sinto falta dele, não tem como não sentir, mas de qualquer forma, até então, estou em paz, e queria poder pensar que ele está também, porém, sei que não. Espero que a perda o mude assim como está me mudando, que o faça refletir, repensar as atitudes e ter vontade de cuidar de si mesmo, física e emocionalmente.
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DARK : THE FINAL POSSESSION
HumorDISPONÍVEL NA LERA E BUENOVELA A queda de Alessandro Petrov ocorreu quando o belo anjo de cabelos acobreados assim como a auréola sobre sua cabeça, apareceu na porta de seu escritório. Os olhos grandes cor de ambar brilhantes implorando por algo qu...