A Conquista - Série Família Bellini II

Capítulo 43

Ayla L'Fontaine

Coloco os pés no jato e dessa vez é tudo diferente. Estou indo embora definitivamente. Na minha vinda para os Estados Unidos eu era completamente outra, nunca na vida tinha pensado em me apaixonar.

Eu sabia que ele não viria até mim, porque ele mesmo deixou claro que não estava pronto e que não queria isso, porque obviamente ele não sente o mesmo. Mas no fundo eu tinha um pequena esperança que ele viria até aqui.

Mas ele não veio.

E tá tudo bem.

Tento me apegar a essa ideia, que está tudo bem, está tudo bem ter vivido tudo aquilo e agora ter chegado ao fim, ter chegado a hora de ir embora. A Alice, diferente de mim, não está voltando para a França, decidiu ficar com o Nathan nos Estados Unidos .

Vou para o quarto que é presente nesse jato, fecho a porta e deito na cama. Essa foi a cama que estávamos juntos quando voltamos para os Estados Unidos. Me recordo de tudo desses meses, todos os momentos que nos aconteceram estão na minha mente.

As lágrimas insistem em sair dos meus olhos. Não entendo porque estou tão emotiva..

Eu não sou assim, eu não choro porque recebi um fora, eu não choro porque alguém não teve a coragem de ficar comigo. Eu não entendo porque estou agindo dessa forma.

Mas isso não pode continuar, eu não posso me entregar a essa confusão de sentimentos que estou sentindo no momento. E daí que ele não veio? E daí que ele não pode me oferecer o que eu queria?

Minha vida não acaba aqui. Sou jovem, muito jovem ainda. Tenho a vida toda pela frente, e se Andrei Bellini não me quis em sua vida, tudo bem. Eu posso conhecer outras pessoas, posso gostar de outras pessoas, eu não estou morta.

Durmo um pouco durante o caminho, e logo vejo que estou em solo francês, não vou para o central da máfia, prefiro hoje ir para a casa. Meu motorista me leva até a minha casa, cumprimento meus seguranças ao chegar.

- Bom dia, senhora. Fez boa viagem? -Noah, meu segurança mais próximo pergunta assim que salto do carro.

- Fiz, obrigada, Noah. Tudo bem por aqui? -Ele abre um sorriso para mim.

- Tudo sim, da maneira em que a senhora deixou e gosta que esteja. -Ele me diz.

Menos eu, que estou totalmente mudada.

Ele descarrega as minhas malas e vamos caminhando para dentro.

- Pode por favor colocá-las no meu quarto? -Eu pergunto.

- Claro, senhora. Tudo o que a senhora quiser. -Me diz. Sinto o tom de flerte.

Não sou idiota para negar quando sei que alguém tem interesse em mim, e muitas vezes antes mesmo de ir para os Estados Unidos, ele insinuou em algumas atitudes demonstrar interesse, nunca dei tanta atenção, porque sempre estive certa de não misturar prazer com trabalho. Apesar do mesmo ser muito bonito, Não mais que aquele loiro, mas ainda assim, muito bonito.

Balanço a cabeça para desviar o pensamento, não quero pensar nele. Estou aqui agora e meus pensamentos devem ficar aqui, tudo o que aconteceu nos Estados Unidos devem ficar lá.

Olho para os meus seios, eles estão cheios de leite. Terei que parar com o medicamento já que agora não tem mais razões para continuar com isso.

Tudo vai voltar ao normal, assim como eu, como meu corpo, como meus pensamentos. Eu só preciso de um certo tempo.

Olho para o jovem na minha frente, e esse tempo, não quer dizer que eu precise ficar parada.

- Obrigada, Noah. Eu vou preferir ficar em casa hoje, prefiro descansar.

- Claro, senhora. Tenha um ótimo dia. -Ele me abre um sorriso. - O que precisar é só chamar.

Confirmo com a cabeça e ele sai do meu quarto. Fecho a porta e me deito. Eu só preciso de algumas horas de sono para colocar a cabeça no lugar.

Andrei Bellini

Vou para o meu quarto e a cama ainda está bagunçada, coloco a garrafa de Whiskey do lado da cama e me deito, sinto o seu cheiro impregnado nos lençóis da cama.

Que inferno!

Parece que tudo contribui para que eu fique pensando nela. Agora terei que voltar a conviver com a minha solidão.

Me levanto da cama, vou até o closet, decidido a trocar de roupa e sair, quero conhecer pessoas novas, esquecer desse momento. Encontro alguns pares de roupas dela no closet, recrimino o desejo de ir cheira-las e vou até o banheiro, encontro shampoo e vários produtos de cabelo que ela deixou aqui.

- Eu vou enlouquecer aqui. -Digo. Caminho para a minha garrafa de Whiskey, tomo um longo gole. - A mulher está presente em tudo nessa casa. -Outro gole. - Caralho, por que isso não sai da minha mente?

Ando de um lado para o outro. A noite chega, continuo vagando pela casa, desisto de sair e me entrego a bebida. Não tenho vontade de comer, me deito um pouco no sofá já que o seu cheiro está impregnado na cama, não tenho sono, pego meu celular e tem uma mensagem do Nathan avisando que a Alice ficou aqui com ele e o quão feliz ele está.

Abro uma cerveja e vou tomando enquanto ignoro todas as mensagens, abro o chat da conversa com ela, não tem nenhuma mensagem, penso em enviar uma, mas não tem porquê fazer isso.

Eu sempre gostei de chegar em casa e estar sozinho, dormir sozinho, não precisar dar explicações... Agora tudo está tão confuso.

Me levanto do sofá, não consigo dormir, minha camisa está pelo chão, os sapatos em algum lugar dessa casa. Acabo com a cerveja em poucos minutos, abro outro e já vou a colocando para dentro.

Meu leite.... Como eu queria o meu leite agora.

- Isso vai passar. -Tenho certeza disso, é apenas... a vontade de tomar o leite, posso encontrar outros por aí, tem mais.

Vejo o dia amanhecer pela janela da sala, não consegui dormir, fiquei vagando pela casa e bebendo. Hora de ir trabalhar, hora de voltar as atividades, voltar a realidade.

Vou novamente para o quarto, lembro de ter acordado com ela em meus braços, de me arrumar um pouco com pressa porque ficamos enrolados mais do que deveríamos, de tomá-la no banheiro e começar o dia revigorado. E ao chegar em casa... dormir tomando o meu leite.

Porra! Por que eu estou assim?

Perco a vontade de ir trabalhar, decido me dar mais um dia de folga, eu posso fazer isso, afinal, sou milionário. Posso me dar esse luxo. Zero mensagens, zero ligações, ela me ignora como eu sabia que faria.

Não entendo porque eu estou assim, abro mais uma garrafa de Whiskey e dessa vez não tomo devagar como antes, tomo grandes goles que começam a me deixar tonto.

Ela foi embora, eu preciso continuar a minha vida.

- Sai da minha cabeça. -Falo.

É em vão, sinto seu cheiro na cama, e eu só queria que ela estivesse aqui. Queria que essa confusão parasse.

- Você não quer isso, Andrei. Você gosta da sua vida como ela é. -Digo para mim mesmo.

Mais um dia assim, peço uma pizza quando meu estômago ronca reclamando por comida, junto as bebidas que estou tomando. O outro dia amanhã e tudo se repete, não quero sair, quero ficar apenas no meu canto, não falo com ninguém, ignoro todas as mensagens, todas as ligações.

Não quero ser incomodado, e também não quero incomodar. Só quero esperar essa porra de sensação ruim passar, porque eu sei que vai passar.

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