Parte 6

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O chalé era dentro da propriedade, no pé da montanha e bem adentro da floresta. Era bem cuidado e bem rustico, combinava muito bem com o estilo de lenhador de Trent. Havia uma varanda que parecia cercar todo o lugar, as janelas eram grandes o suficiente para um lugar daquele tamanho o fazendo parecer bem aconchegante.

-Venha baby. –Matt não me toca, mas posso sentir a sombra de seu toque no final das costas. Sigo em frente enquanto Trent se apressa a nossa frente para abrir a porta. O lado de dentro era uma mistura interessante do estilo de Matt e o de Trent. O moderno estava muito bem misturado com o estilo rustico, de modo que parecia totalmente natural misturar os dois. O primeiro andar era quase totalmente aberto, a sala principal, a cozinha e a sala de jantar eram conectadas umas as outras, sem qualquer parede para interromper o fluxo. As únicas duas portas estavam de frente para a porta de entrada, atrás de uma escada que levava para o andar de baixo.

-A da direita fica o banheiro e a esquerda um escritório. –Matt explica em seguida segue para o andar de cima. O sigo bem ciente de Trent logo atrás de mim. Haviam quatro portas no andar de cima. –Banheiro. –Matt aponta para a primeira porta do lado direito. –Quarto de Trent. –Aponta para a porta do lado da do banheiro. –Quarto de hospedes e o meu. –Para minha felicidade meu quarto ficava de frente para o de Trent e ao lado do de Matt. Talvez não tenha sido uma ideia assim tão boa ter vindo ficar com eles.

-Relaxe, não vamos atacar enquanto dorme. –Diz Matt claramente tentando me apaziguar.

-Ao menos que queira. –Emenda Trent. Reviro os olhos para ele, mas porra talvez ele estivesse certo, estando aqui com eles, eu não sabia se teria tanta força de vontade.

-Vamos lhe deixar a vontade, se precisar de qualquer coisa pode nos chamar a qualquer momento. –Continua Matt como se Trent não houvesse falado nada. Concordo e entro no quarto de tamanho mediano, era bonito e bem cuidado, com uma cama de madeira escura e colchas brancas com almofadas azuis e amarelas. Havia uma escrivaninha e uma estante de livros, além de uma lareira aconchegante que esquentava o lugar de modo aconchegante. Quem tinha decorado o chalé tinha um ótimo gosto.

Era totalmente loucura de minha parte aceitar vir para a casa de dois homens desconhecidos, mas foda-se, apenas parecia que eu os conhecia por toda uma vida. Minha loba os reconhecia, e querendo admitir ou não eu também o fazia, mesmo que toda a atração química entre nós não fosse o suficiente para demonstrar isso, eu os ter marcado havia sido. Só teria que descobrir logo o quão profunda era minha ligação com eles. E dependendo da resposta, eu teria que tomar algumas decisões difíceis.

Tirando minhas roupas resolvo deitar. Já era tarde e eu estava cansada demais. Pensei que o sono demoraria para vir, estava agitada demais com o fato de dois sexys homens estarem nos quartos ao lado, mas assim que minha cabeça encosta no travesseiro, tudo se apaga.

"Precisa de companhia docinho? – Pergunta James quando me levanto e anuncio ao pessoal que ia embora.

Estávamos no parque com alguns colegas, fazia pouco tempo que havíamos saído de um bar ali perto e tínhamos resolvido passar um tempo no parque perto dali. A maioria dos caras estava bêbado, James não estava, mas também não estava sóbrio. Eu ainda era muito nova para beber, então nenhum deles me deixava chegar perto das garrafas, principalmente meu melhor amigo, que sendo apenas dois anos mais velho do que eu também não tinha idade para isso. Mas desde que ele estava mal por causa do que aconteceu ao seu irmão mais velho, eu podia entendê-lo, então apenas o deixei fazer o que precisava. Nesse momento era a única ali que tinha total consciência do que fazia e falava.

Gostaria de estar sozinha agora em vez de no meio de uma roda lotada de pessoas bêbadas falando besteiras, cantando musicas idiotas ou contando historias de terror que davam sono, mas desde que era meu aniversario de treze anos e meus pais adotivos tinham ido viajar me deixando sozinha como sempre, eu tinha deixado James me arrastar para o bar. Ele não estava muito bem e por esse motivo também achei que precisava ficar de olho nele. De qualquer jeito era melhor ali do que sozinha na mansão idiota dos meus pais adotivos que mais uma vez tinham esquecido de ligar me desejando ao menos um feliz aniversario. Não era a primeira vez que acontecia, e eu já tinha aprendido a não me importar.

-Não se preocupe bebe, sei me cuidar, só vou dar uma caminhada e volto para te buscar e irmos embora. –Dou um beijo em sua bochecha e saio do meio da roda de colegas seguindo a primeira trilha que vejo entre a floresta.

O parque era um dos maiores da cidade, com arvores e plantas protegidas pela guarda florestal, ninguém podia sequer arrancar uma flor sem ser preso. As matas eram densas e extensas ocupando mais o menos vinte quarteirões. Era um lugar bonito tanto de noite quanto de dia, mas eu o achava ainda mais atrativo sob a luz da lua. A floresta sempre me pareceu um dos lugares mais encantadores que já conheci. Sempre foi um lugar que me inspirou segurança, por isso desde criança tinha entrado para o grupo de escoteiros da escola, no ano passado tinha saído do grupo e comecei a acampar sozinha ou com James, às vezes até mesmo com nossos colegas, mas sempre preferi ir sozinha. Como meus pais adotivos estavam pouco se fodendo onde eu estava ou o que estava fazendo, nunca foi um problema sair de casa para acampar.

O som dos grilos, corujas e animais noturnos que ficavam acordados durante a noite formavam uma sinfonia agradável que automaticamente me fazia sentir melhor. As cores também eram esplendidas e eu podia ver cada tom de verde nas arvores tão bem quanto de dia. Essa era uma das peculiaridades sobre mim que apenas James sabia sobre. Não havia nenhuma luz a não ser os poucos raios da luz da lua que entravam pelas frestas de galhos sobre a trilha onde eu andava. Ainda assim eu podia enxergar cada partícula de poeira no ar tão facilmente quanto sob a luz do sol. Outra coisa estranha sobre mim que só meu melhor amigo sabia era o fato de que eu podia ouvir tão bem que era capaz até de escutar uma folha de arvore caindo á pelo menos vinte metros de distancia, isso era um saco na maior parte do tempo, eu quase ficava louca quando era obrigada a ficar com pessoas demais, mas conforme os anos iam passando fui capaz de bloquear todo o barulho ou diminuir o volume, agora eu só tinha que aprender a fazer o mesmo com os cheiros que para mim eram tão fortes quanto os barulhos eram altos e a visão era boa.

Um cheiro forte chegou ao meu nariz. Podre. Maldade. Acido. Álcool. Vomito. Uma mistura horrível capaz de embrulhar meu estomago e me dar ânsia de vomito. Desbloqueio os sons, mas já era tarde demais, um corpo pesado se joga contra mim me derrubando no chão. Só tenho tempo de colocar as mãos na frente do rosto, minhas mãos reclamam do impacto assim como meu corpo, mas a única coisa que posso fazer é me concentrar é no bafo que atinge meu rosto.

-Fique quietinha e talvez eu seja bonzinho com você. –Diz a voz nojenta cheia de maldade no meu ouvido."

Instituição Wolf Kimberley (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora