Especial Elias:
-Podemos conversar? –Olho para cima vendo Erick se sentando em uma das banquetas da cozinha. Eu estava preparando o jantar para todos, Cameron estava com seus companheiros o dia todo, e provavelmente estaria morrendo de fome quando saísse do quarto. Tinha percebido o quão ela ficou triste pelo que aconteceu com Nate, a estranha ligação que eu tinha com ela me permitia saber o que ela estava sentindo na maior parte do tempo, claro eu sabia que não tinha sido o fato de ela ter que matar ele, e sim algo de seu passado, algo que eu não sabia o que era. Talvez algum dia eu pedisse que ela me explicasse, mas por enquanto, ela só precisava de espaço e seus companheiros, por isso fiquei muito feliz quando ela entrou em casa toda encharcada com os três dando risada e sumindo no quarto em seguida.
Uma parte de mim sentiu ciúmes, Cameron tinha se tornado minha irmã, e eu amava, como um irmão eu sentia ciúmes dela, o que era meio irracional, mas eu não podia controlar. Uma outra parte sentiu inveja, eu queria tanto achar meu companheiro e esquecer de uma vez por todas Erick e todas suas merdas. E a maior parte estava mais do que feliz por vê-la sorrindo abertamente e com sinceridade desde que descobrimos que Nate quem machucara as meninas.
Apenas agora todos estavam aceitando a notícia e voltando a viver suas vidas normalmente. Lembro que na noite que tive o pesadelo com Erick, eu me sentia tão mal e com tanto medo, pensando que algo de ruim fosse acontecer com ele, apesar de tudo eu ainda o amava, e mesmo que ele fosse um idiota, eu não queria que nada acontecesse com ele. Quando acordei tinham trazido ele para o chalé machucado, eu havia chorado e não sai de seu lado até que ele acordasse. E o que eu recebi quando ele acordou? Ele gritando comigo dizendo que tinha sido minha culpa, já que ele veio até aqui só porque fui burro o suficiente para sair do instituto o fazendo ficar preocupado.
Machucou, e ainda estava doendo essas palavras. Por mim eu nunca mais olharia em sua cara. Todos os momentos que mais precisei dele, que mais me preocupei ou quis que ficasse ao meu lado ele não estava ali, e se estava só brigava comigo ou me tratava como uma criança.
Eu não precisava de sua merda. Eu não precisava de suas palavras ofensivas, ou do seu comportamento idiota.
Cameron tinha me feito começar a dar mais valor a mim mesmo, e não a achar que tudo aquilo era culpa minha como sempre pensei. Meus pais me ensinaram que gostar de pessoas do mesmo sexo era errado, eu me sentia errado, um pecador, uma abominação. Cameron me fez entender que eu não era nada disso. Que o amor era sem fronteiras e que não importava se você ficava com um homem ou mulher, o que importava era o que se sentia por dentro, o carinho e amor para com a pessoa. E também me fez perceber que Erick não merecia qualquer carinho e amor que viesse de mim.
-Fale. –Digo continuando a fazer a comida.
-Eu queria me desculpar. Por tudo. –Começa Erick sua voz vacilando de vez em quando. –Eu fui um idiota com você desde o começo. E fui mais do que um idiota quando disse que tudo era culpa sua. Claro que não é culpa sua, eu vim porque quis, porque estava preocupado com você...eu....-Ele para e o ouço suspirar, ainda não o encaro, mexendo o caldo da sopa. O tempo estava frio, não tinha nada melhor do que tomar uma sopa no frio, pelo menos na minha opinião, eu esperava que todos também gostassem.
"No começo, quando nos aproximamos, eu sentia à vontade louca de te proteger. Eu queria estar sempre ao seu lado, e mais para frente quando percebi o que sentia eu me assustei." Continua. "Nunca me interessei por qualquer garota, eu apenas achava que era algo normal, que uma hora eu ia achar alguma que eu gostasse. Até tentei ficar com algumas, mas bem, claramente não deu certo. Quando percebi que estava gostando de alguém e que esse alguém era um garoto eu pirei." Uma pausa. "Cada vez que olhava para você eu percebia o quanto queria ter você. Queria estar ao seu lado em todos os momentos, queria te dar amor e carinho. Te dar tudo o que eu pudesse e o que eu não pudesse. Mas eu não estava preparado para esse sentimento tão grande." Jogo um pouco de tempero na sopa tentando não me deixar levar pelas palavras dele, não depois de tudo. "Eu te amo Elias." A colher de pau cai de minhas mãos no momento em que fui leva-la aos meus lábios para experimentar a sopa. Meu corpo treme e meus ouvidos zunem, ele finalmente tinha dito aquelas três palavrinhas, sempre fora meu sonho ouvir aquilo desde a primeira vez que percebi que estava apaixonado por ele. "Me perdoa por tudo. Eu fui um otário e não soube lidar com tudo. Eu te amo mais que tudo, e quero que seja meu, meu companheiro, quero me ligar a você como meu ômega. Eu quero tudo com você e só com você."
Sinto seu corpo atrás do meu, suas mãos segurando minha cintura de um jeito firme, mas ao mesmo tempo delicado, como se eu fosse feito de porcelana e fosse quebrar a qualquer instante. Todos os pelos de meu corpo se arrepiam com o toque tão íntimo de um jeito que eu sempre quis sentir.
-Eu te amo meu pequeno. –Diz baixo contra meu ouvido. Sinto meu corpo começar a ceder, querendo me encaixar nele mais do que tudo. Mas antes que isso aconteça eu me afasto tirando suas mãos de mim e me virando para encara-lo. O silencio se estende por vários minutos, antes que eu finalmente ache coragem o suficiente para dizer algo.
-Você me machucou. Pisou em mim. Não me deu valor. E todas as vezes que precisei de você, você não estava lá, pelo único motivo de ser imaturo o suficiente para lidar com seus próprios sentimentos. –Digo encarando bem seus olhos, soltando tudo o que estava preso em minha garganta. –Eu mereço alguém melhor do que você. Mereço alguém que me de valor e não tenha medo de seus sentimentos por mim, que não tenha vergonha de mim. Você falou comigo em tudo isso Erick. E dessa vez eu não vou simplesmente deixar tudo de lado e ignorar tudo o que me fez. –Meu coração foi quando vejo lagrimas saindo de seus bonitos olhos, mas eu sabia que estava fazendo o certo, por mim e para mim dessa vez, apenas isso. –Eu quero alguém melhor.
-Posso ser essa pessoa para você.
-Então prove. Enquanto isso apenas me deixe. –Viro de costas para ele me abaixando para limpar a sujeira que fiz. Percebo quando ele sai da cozinha me deixando sozinho, e só nesse momento permito que minhas lagrimas rolem soltas. O cheiro chega em mim antes que um par de braços me enrolem, viro enterrando o rosto no pescoço de Cameron e soluço sem parar. –Dói. –Digo. Ela me aperta mais contra si fazendo carinho em meus cachos.
-Eu sei que dói meu little bear. –Diz e em seguida ficamos em silencio. Ela meche em meus cabelos por um longo tempo até que eu finalmente me tenha sobre controle novamente. Saio de seus braços e recebo um beijo na testa. –Vai melhorar com o tempo, e vou estar sempre aqui com você.
-Eu te amo.
-Também te amo. –Volto a fazer a sopa enquanto Cameron senta na bancada e logo seus companheiros entram também. Eu estava bem próximo deles, os três tinham meio que me adotado assim como Cameron, e eu me sentia em casa ali. Eles eram minha família e meu lar.
-Vocês estão cheirando a sexo. –Resmungo franzindo o nariz. Risadas altas irrompem me fazendo olhar de canto do olho para Matt e os outros dois. Cameron franze o cenho em minha direção e em seguida sorri também.
-Alguém está ficando saidinho. –Diz e pela primeira vez eu dou um sorriso. Enquanto eu tivesse eles ao meu lado, tudo ficaria bem.
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Instituição Wolf Kimberley (Em Revisão)
WerewolfCameron Kassie Wolf Kimberly é uma mulher de personalidade forte que resolve encarar seu passado conturbado. Afinal o que poderia dar errado ao ir para um lugar remoto em um castelo gótico antigo cheio de pessoas estranhas e homens tentadores? "O fr...