Não me quero mais olhar a cara,
nem me quero mais pintar as pálpebras,
não quero adornos, nem artefatos
não quero pose, não quero retrato
não tô afim de papo, conversa, nem muito falatório
não quero rua, não quero tumulto, não quero barulho
não quero ter que responder "vc está bem?"
nem de novo ter que dizer o mesmo "sim" com desdém
não quero ter que dar explicações, ter que pensar em algo novo para puxar assunto
não quero ter que dar, nem receber notícias para e do mundo
não quero ter que me montar em cima dos
meus pés,
nem me enfeitar com acessórios, perfume e batom
quero ficar quieta, quero ficar só
somente com meus pensamentos
meus sentimentos
e questionamentos
quero ficar desnuda, virar as costas pro
tempo
dialogar meus lamentos
chorar sem julgamentos
não quero forçar o riso, nem disfarçar meus calafrios
nem ter que dar ouvidos à conversas chatas e seus martírios
hoje vou bater a porta e ignorar a campanhia
não vou dar audiência pra televisão
muito menos ser plateia de circo corrupção
hoje vou dar divã aos meus problemas
reprogramar minhas antenas e reler minhas agendas
hoje quero saber só de mim
e de mais ninguém
se perguntarem pra onde eu fui,
digam que eu sumi, que morri, que estou por aí
digam que eu me engoli.
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As Luas de Júpiter
PoetryAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...