All star verde

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Ele entra. minha vista do piso azul é tomada por um par de all star verdes. subo meus olhos até suas canelas; joelhos; barriga; ombros; pescoço; boca enfeitada por uma barba bem feita; nariz; olhos e um cabelo desgrenhado, retorno aos olhos, lindos olhos, iluminados pelo brilho da tela do celular, ele pisca uma, duas, três, quatro vezes seguida. coça o nariz e molha seus lábios com sua língua rapidamente. desliga o celular - acho que enjoou do brilho forte na sua cara. olha para cima erguendo sua cabeça e a encostando na porta. fecha os olhos por um, dois, três, quatro, cinco segundos e abre novamente. seus olhos passeiam pelo vagão e veem de encontro aos meus olhos, curiosos. há trocas. há faíscas. me sinto como uma isca, abocanhada pela boca de um predador. meus olhos se escondem por debaixo das minhas pálpebras. mordo meu lábio inferior, para conter o nervosismo que corre junto do meu sangue em meu corpo. ele abre sua boca em um som mudo de (O) como se, se divertisse com algo gostoso. meus dedos batucam o ferro gelado no teto. seu par de all star verdes bailam em um solo de lá pra cá. next station Ana Rosa access to line two green. ajeito meu cabelo pelo reflexo escuro do vidro da janela. ele de frente para mim tão seguro, como se me sussurrasse no ouvido um "eu te juro". nossos olhos se encontram novamente dessa vez por um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze... as portas se abrem. pareceu uma eternidade...
o que deixamos pairando pelo ar quando desci seguindo viagem.

As Luas de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora