Você trazia muitos anéis
E aquele nó da gravata apertado
E aqueles sapatos envernizados
Eu te rasgaria em meus jeans rasgados
E te faria tropeçar em meus cadarços sempre desamarrados
Se perder de você por entre as dobras do meu blusão 94
Ainda toca aquela mesma música no rádio do carro
E as estradas ainda nos levam para os mesmos lugares
Eu ainda sigo viagem e me esquecendo do tempo
e da idade
Você trazia flores e gravidade
Algumas doses de sanidade para me converter às suas necessidades
De matrimônio, família e estabilidade
Eu na verdade nunca quis casamento, casa, filhos e marido
Saias, babados, aliança e vestidos
Sou louca o bastante para lhe dizer não
Deixe-me fora do sistema assim como Plutão
e esqueça que um dia já fui planeta
Minhas luas seguem girando sem destino e sem direção
Faço da minha insanidade a minha devoção
Eu sou um corpo sem estação
Não me cabe essa sua vida de constrição
Eu sigo melhor na distração, uma aventura, outra expansão
Eu não preciso e nem busco por nenhum dos seus anéis de Saturno.
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As Luas de Júpiter
PoetryAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...