Metanoia

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Então me diga você o que é a morte?
Para que ser tão forte? Se a derrota, o fracasso já é certo, já está garantido
Para nós megeras, figuras repugnantes que ainda rastejam pelos vales açoitados da tirania.
Para que serve os títulos, as medalhas, os troféus,
chegar ou não chegar, marcar ou não marcar, cair e levantar, segurar, alcançar, lançar, atacar ou recuar
Qual a função então da linha de chegada se após a chegada não há mais nenhum lugar para chegar
Qual o ímpeto da largada, qual o poder de ação de uma ameaça, qual o sentido dessa jornada e para onde vão todas essas ímpareas questões demasiada afasia,
quase que uma dicotomia fatídica
ao se ver à margem da vida.
O que será então de mim? O que será então de nós? Nada.
Quisera eu ser digno da palavra, quem dera eu poder voltar ao início, ao início da corrida, no disparo daquela largada...
e poder decidir, poder escolher para onde eu queria de fato correr,
em qual direção, em qual caminho, para qual destino
meus pés queriam me levar, para qual aresta o vento queria me soprar
e o que me esperava, o que estava e quem ansiava pela minha chegada
lá, do outro lado.
Quais seriam os encontros, quais seriam as lições e os aprendizados, qual seria o rumo do meu barco,
quem eu seria, como agora estaria, o que estaria fazendo, o que estaria dizendo...
Quiçá por um momento breve eu ter em minhas mãos os ponteiros do tempo,
e poder determinar a hora, o minuto, o segundo de minha partida,
prorrogaria para mais uma vida, ou talvez nem tanto
mais uns dias como acréscimo me bastaria
para que agora em sã consciência pudesse realocar meus passos nos caminhos do meu
coração.

As Luas de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora