Eu-lírico

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Você enxerga os meus olhos?
Diga-me,
Quando me vê, consegue me ler?

Você enxerga meus lábios?
Diga-me,
Quando me escutas, consegue me ouvir?

Você enxerga a minha pele?
Diga-me,
Quando me toca, consegue me sentir?

Diga-me,
Você consegue me enxergar por inteira?
Sem recortes, resumos
Conclusões, invenções...

Consegue ouvir o que diz o meu corpo?
Consegue ler, decodificar, interpretar todos os seus sinais,
Os seus comandos, os seus limites, as suas regras?

Diga-me,
Consegue me enxergar para além desse corpo,
De ossos, retalhos, poros,
Pêlos, sangue, cicatrizes e parafusos?
Consegue me enxergar além da fala,
Da nossa visão humana limitada,
Da razão inventada, das ilusões inflamadas...

Diga-me,
Você enxerga a minha alma?
Em minha voz sussurrada,
Em minhas canções autorais,
Em meus sonhos atemporais,
Em minhas poesias melancólicas,
Em meu canto colérico,
Em meus delírios puerpérios,
Em minhas indagações filosóficas,
Em minhas utopias ufológicas,
Em minha filantropia eufórica,
Consegue me ver fora da lógica,
Da curva, da caixa, da órbita?

Pois são estes lugares que habitam
E orbitam a minha natureza
Sem diagramas, sem gramática
Sem esquadros, sem asfalto.

Consegue me enxergar para além do espaço?
Onde não há gravidade,
Não há massa,
Atmosfera nem linearidade

Apenas o ar,
Apenas o fogo,
Apenas a terra,
Apenas a água,
Apenas o éter,
Apenas vida
Em sua forma lírica.

As Luas de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora