Para os que morrem

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Aqui jaz o cadáver
De carne podre e de ossos nobres
Vazios necrosando
Mentes devorando
Morri ontem e essa terra já me comeu inteira
Meu velório estava cheio de cravos e dentes estragados
Vi covas se abrindo por um par de sapatos
Vi fantasmas revoltados com a cor do céu
Vi santo correr quando se deparou com Deus

Aqui jaz o amor
Que jurou amar e tudo o que fez foi gozar
Córneas esqueléticas
Neurônios amoeba
Nasci hoje e essa terra já me fudeu inteira
Meu parto estava infestado de gente estranha
Que derramavam sangue pelas entranhas
Vi almas se venderem por uma fatia de bolo
Vi homens feitos acorrentados pelo fracasso
Vi gente deixando a vida escorrer pelos dedos jurando viver

A morte é desculpa para quem nunca quis viver
Porque eu sei bem que toda vez que eu morrer
Logo em breve de novo irei nascer
A morte não existe
O que existe é o medo de viver.

As Luas de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora