A tristeza é um trem cheio de vagões
assentos, janelas, corredores e bagagens
tem muitas delas que eu não faço a menor ideia
de como surgiram e de onde vieram
quando vejo de repente elas estão aqui
sentadas, deitadas, embarcadas em mim
me arrastam e me levam à trilhos de ferro
numa velocidade lenta quase parada
por um destino infinito que nunca chega em lugar nenhum
às vezes estaciona em algumas estações e ali coleciona alguns passageiros durante o caminho
suas bagagens se misturam às minhas e no final do dia
não sei reconhecer o que partiu comigo e tudo aquilo que me partiu
e fez de mim retalhos espalhados por cada canto por todos os lados, bandas e meios que passei
espero que neles existam pelo menos alguma mísera possibilidade de vida
e que sejam sementes frutíferas e que cresçam vivas sobre as terras que me carregam e carregaram
por essa longa e árdua estrada da vida que me levam em suas linhas de ferro.
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As Luas de Júpiter
PoesiaAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...