Meu coração acelera
Taquicardia
E cada batida desgovernada sua
Parece estar cada vez mais perto
De fazer um buraco no meu peito
A falta de ar que me engole
Me sufocando como se meus pulmões
Coubessem na palma das minhas mãos
As agulhadas não boca do estômago
Me fazem sentir como um espantalho
espetado. alfinetado. retalhado.
Minha boca seca como se toda a água
Do meu corpo tivesse secado
E meus ossos fossem agora areia
Minhas mãos trêmulas e o tremor começa Paulatinamente a se espalhar como
Pequenos choques por toda a extensão do meu corpo
Que à essa altura parece pesar um tonelada
E meus pés parecem ser como folhas secas
insustentáveis e frágeis
Que a qualquer momento irão se despedaçar e se desfazerem
Minha visão começa a me confundir entre as piscadas lentas e tardias
Pequenos apagões que me apagam aos poucos da consciência
A tontura chega logo em seguida
Acompanhada de um suor frio e gélido
Os segundos parecem ser eternos
E a cada segundo eu penso no próximo segundo
Que se estende como um elástico inquebrável
Um ensaio a um ataque cardíaco
Assim eu penso. e isso me conforta.
É como uma cena eu penso. vá para o próximo ato. vá para a próxima fala. ande
Corra
corra. corra. corra.
É o que eu penso e é o que desejo
Mas meu corpo já não mais responde aos meus comandos neste momento
E a gravidade me esmaga como uma lata debaixo de pés calçados com sapatos emborrachados
É apenas mais uma crise. essa voz surge longe, quase sussurrada
Mas alto o bastante para que eu consiga ouvir
É apenas mais uma crise. eu digo para mim mesma.
Mesmo que pareça a eternidade
São apenas alguns exagerados minutos,
Vai passar.
Vai passar. eu repito para mim mesma o mais confiante possível para que eu consiga acreditar,
Que assim será,
vai passar.
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As Luas de Júpiter
PoetryAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...