Me conte como é o sabor da vida depois da chuva, por aqui ainda permanece a tempestade
tudo o que ouço são cortiças batendo contra o vento, raios e trovões
as paredes estão todas mofadas, as roupas no varal todas encharcadas
as noites são sempre úmidas e geladas
e minha cabeça nebulosa e repleta de nevoeiros
não me afeta mais o verão de janeiro
estou muito distante...
muito longe do sol e do calor da vida
tenho algumas variações de cinzas e algumas coleções de vitaminas encapsuladas
que engulo diariamente com minhas doses de apatia
para tentar nutrir todas as minhas células degeneradas
paralisadas em algum lugar do tempo dentro de mim refutado
onde não há mais reprodução e nem coesão
movimento ou qualquer indício de ação
um lugar sem verbo, sem palavra e sem conjugação
um lugar estático e linfático
onde chove, chove e chove transbordando meus lençóis freáticos.
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As Luas de Júpiter
PoesíaAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...