Agosto

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O céu sonha acordado e dorme cansado
os céus das nossas bocas cada dia mais fechados
não importa qual seja a estação
o sol aparecer por aqui se tornou um fenômeno raro
não sei se de fato por maldade
acredito que seja mais por imaturidade
ou talvez eu prefira acreditar
dessa juventude precoce e seus romances fajutos
você trouxe a possibilidade de um sol
nessa cidade tão inverna e tão cética
me olhou os olhos como árvores e pássaros
num encontro improvável e um pouco desajeitado
era agosto e eu estava emaranhada em meu inferno astral
você num astral solar como verão
era propício para mar e praia à qualquer dia da semana
e à qualquer hora do dia
mas internamente algo me doía e me fazia perguntar
o que tenho eu de interessante?
talvez fosse a minha excentricidade
e você um nível de estranheza consideravelmente estranha
alegria quase uma fantasia uma alegoria de carnaval
a paixão sempre tão efêmera um cometa carnal
por que você ficaria?
o quê te faria querer ficar nessa ânsia de tentar ensolarar
as minhas irregularidades singular
e os meus invernos internos anuais e cotidianos
você enjoaria da ausência do perfume das minhas flores secas
e se cansaria da permanência das minhas inconstâncias paralelas
vá.
antes que seja noite e você se canse
de mim.

As Luas de JúpiterOnde histórias criam vida. Descubra agora