Ela era uma louca. daquelas completas e completamente alucinada, saía sem destino e sempre voltava pra casa com um par de livros. adorava saber sobre assuntos desconhecidos e conhecer conhecimentos antigos. voltava com um sorriso na boca e com uma muda de roupas amassadas e antiquada, para os chatos, fora de moda. ela também era fora da órbita. algo nela sempre se mostrou estrangeiro. imigrante. um olhar distante. tinha centenas de plantas em cada cômodo e canto da casa. adorava discos e dvd's. detestava política mas sempre discutia e acabava em brigas. seu maior sonho era estar viva para ver e ajudar ao fim do sistema capitalista. um dos seus livros de cabeceira era o manifesto comunista. ela era um tanto idealista mas sua natureza completamente anarquista. ela era uma louca. que dizia que a utopia de um mundo livre era rasgarmos nossas "liberdades" de alforria e quebrá-las pelos ares. e dizia que a luta era a razão pela qual ela ainda conseguia continuar viva e não se entregar por inteiro à apatia abismo de estar viva num mundo sem vida e sem juízo. andava com pés descalços nas calçadas, nas ruas chorava sobre o colo da lua em todas as suas fases e deixava de sorrir quando estava sangrando. ela era uma louca daquelas de fibra, pele, sangue, músculos e ossos que não temia nenhum credo. nenhuma lei. e andava sozinha nesse mundo de injustiças e reis.
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As Luas de Júpiter
PoetryAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...