Você decidiu sair sem dizer para onde iria
Que horas voltaria e se voltaria
Dois copos americanos, duas colheres e dois pratos de vidro ainda estão sujos na pia
As flores no vaso da cozinha estão apodrecendo
As cascas das bananas na fruteira estão todas pintadas estão muito maduras
O cinzeiro na varanda está cheio de bitucas dos seus cigarros fumados
A sacola com os resíduos orgânicos continua na geladeira,
e as minhocas estão famintas na composteira
As sacolas de compras ainda estão em cima da mesa
E as prateleiras do armário continuam vazias
Tudo o que restou foi essa vazia companhia
Minha mãe me disse na sua última visita,
que meus olhos já não brilham mais como brilhavam antigamente e que algo em mim estava diferente.
Talvez já estivesse completamente estampado na minha cara e em minha linguagem corporal a minha infelicidade
Você pode rodar toda a cidade e exibir para todos a sua plasticidade
Cair pelas noites e se embriagar de vaidade
Diga o quanto está realizado só não minta para si mesmo dizendo que está feliz
As paredes me davam mais ouvidos nesta casa do que você
As plantas me entendiam muito melhor do que você fingia entender
Eu só adiei a minha partida, mas no fundo eu sabia
Que já passava da hora de eu ir embora
Minhas malas já estão arrumadas, e o bagageiro do carro lá fora já está fechado
Tranco a porta e tranco também essa minha parte do passado
Parto sem nenhum adeus, sem despedidas e sem dar nenhuma palavra
E antes que você olhe em meu olhos e me conte mais uma das suas mentiras
Eu já estarei muito longe,
finalmente distante e livre de você.
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As Luas de Júpiter
PoetryAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...