Eu sinto, sinto muito
Sinto tanto, sinto tudo
É tanto sentir,
Que se por um descuido
Num balançar confuso
Se por perigo cair
Em um dos buracos obtusos,
Ou em um dos amores vagabundos
Me engolirá cada parte
Cada estrofe, cada metáfase
Cada pedaço de tecido
Vivo e morto
Consigo até escutar o ranger dos dentes
Ao mastigar e triturar meus ossos
Come se fossem pipocas explodindo no céu da boca
É tão voraz e tão sagaz esse sentir,
Que de longe me veem como louca
E ao chegarem perto afirmam que sou alucinadamente louca.
Tão louca ao ponto de abdicar-me do meu juízo
E entregar-me arrebatada ao meu coração
rendida da cabeça aos pés, até o último fio de cabelo
À todos os meus anseios
O crivo da loucura;
Minha sobriedade é tragar cada vestígio meu de insanidade
Porque droga é a sanidade
Que entorpece-se nas neblinas da vaidade
E numa lenta e ardilosa overdose
Morre para a verdade.
Esse é o laudo de todos os morais,
Que no fundo não passam de grandes covardes,
minha loucura? - pergunta-me
Foi ser diagnosticada com sintomas de coragem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Luas de Júpiter
PoesíaAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...