Por favor não incomode a minha tristeza
Não venha com barulhos e distrações maçantes
Não traga esses sorrisos forçados e essa alegria rasa
Não preciso talhar nem minimizar as minhas dores
E tudo o que está me doendo agora e me fazendo sangrar
Uma hemorragia interna de sentimentos coagulados
Que foram por muito tempo represados e amordaçados
Preciso sangrar e preciso me deixar sangrar
De vez
Sem compressas, sem esparadrapo, sem curativo
Sem nada que disfarce a dor ou engane os meus sentidos
Preciso chorar todos os meus mortos
Desentalar esses nós torcidos
E todos os motivos que não foram ditos
O meu corpo e eu estamos completamente inflamados
Para desobstruir todas as veias abertas da minha alma e do meu coração
É preciso deixar secar naturalmente
e que o corpo aja profundamente em todos os meus tecidos
em meu espírito
Até que o último resquício seja expelido
E a dor passe sem o auxílio de nenhuma distração ou comprimido.
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As Luas de Júpiter
PoesíaAs Luas de Júpiter é uma obra autoral com mesclas cronistas e características da poesia. Construída sob uma narrativa abjeto, um experimento literário de dar corpo e identidade para a subjetividade de um lugar, um sentir, uma inspiração que nominei...