Capítulo 8

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Oiieee, cheguei!!!

Gente, seguinte, preciso lembrar uma coisinha para vocês. Lembrem sempre do prólogo da fic, principalmente quando ela diz que "se esse livro chegou até as suas mãos..." blz? ;)

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Durante todos esses anos tendo que lidar com as agitações e autossabotagens da minha mente, eu aprendi a como agir em situações como essas: eu precisava do meu espaço, precisava ter a total noção do meu corpo no espaço. Isso de alguma forma soa compreensivo? Então, eu simplesmente me sentava contra alguma parede, em um local isolado, segurava minhas pernas contra meu peito, tentava respirar e aos poucos obrigava meu cérebro a entender que toda e qualquer ideia que passasse por ele era absurda e que eu estava segura. A questão é que nesse exato momento, eu estou fazendo tudo diferente do que eu acreditava ser bom para mim.

Em nenhum momento Enid tornou aquela situação constrangedora, muito pelo contrário, ela mantinha meu corpo contra o seu, como se aquele fosse o lugar de onde ele pertencia. Ela me abraçava forte, mas não de uma forma incômoda, nossos corpos estavam tão próximos que eu conseguia sentir o seu coração batendo calmamente em contraste com o meu que parecia que iria sair pela minha boca a qualquer instante. Escondi meu rosto no vão do seu pescoço, a pele morna me trouxe um conforto que há tempos não sentia, respirei fundo e fiquei surpresa como eu estava certa sobre seu cheiro ao sentir o leve perfume de lavanda vindo da sua pele, misturando-se com o perfume floral do amaciante de sua roupa e o cheiro de camomila que seus cabelos exalavam. Ela gostava de aromas suaves e de flores, e eu gostei da sensação que eles causaram em mim.

- Está tudo bem – ela falou mais uma vez baixinho no meu ouvido.

Por algum motivo eu sabia que era verdade, realmente estava tudo bem. Tentei sincronizar minha respiração com a sua, Sinclair pareceu perceber isso porque notei que ela passou a inspirar por longos segundos, repetindo o tempo no processo contrário expelindo o gás carbônico. Aos poucos consegui controlar minhas lágrimas, mas a bola de aço ainda parecia pesar no meu peito. Eu sabia que em algum momento aquela situação poderia se tornar constrangedora e eu não queria que ela ficasse desconfortável, então eu afrouxei o meu abraço e só depois ela fez o mesmo com seus braços, permitindo que nossos corpos se distanciassem.

- Desculpa – falei limpando o rosto com a manga do meu cardigan, olhando para baixo com vergonha de encará-la. Eu sou patética.

- Não precisa pedir desculpas – senti seus dedos em meus cabelos, colocando uma mecha atrás da minha orelha de uma forma carinhosa.

Enfim olhei para o seu rosto e ela tinha um sorriso discreto nos lábios. Eu tenho que admitir: eu gostei daquele toque. Enid respirou fundo e olhou para o chão, pegou o violino e o arco ao nosso lado e me entregou.

- Você consegue tocar a música novamente?

Apenas balancei a cabeça positivamente, peguei o violino e o arco e me ajoelhei, Enid sentou a minha frente com as pernas dobradas, abri a folha branco no chão, respirei fundo e comecei a arranhar o arco sobre as cordas do violino. Minhas mãos ainda estavam trêmulas e completamente sem precisão, mas dessa vez as notas fluíam diferente, a música reproduzida pelo instrumento soava de uma forma natural e mesmo com a avalanche de emoções que me causou, parecia algo calmo e leve. Dessa vez Sinclair me permitiu tocar até a última nota e quando afastei o arco do violino, olhei para ela que tinha um olhar de admiração e logo um sorriso brotou em seu rosto.

- Percebeu a diferença entre as duas vezes que tocou? – Ela perguntou e eu balancei a cabeça confirmando.

- Sim – minha voz saiu um pouco trêmula denunciando o quanto eu ainda estava abalada.

La Belladonna  (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora