La Belladonna (Wenclair)

Capítulo 20

Chegueeeei meu povo :D

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Eu queria te dar o mundo, Sinclair, só com o que há de melhor nele. Queria te mostrar lugares, países que talvez você nunca tivesse pensado em conhecer. Eu queria te beijar e abraçar todos os dias, todas as horas, falar o quanto você é especial, o quanto você é linda, amorosa, queria falar o quanto o mundo precisa de você, o quanto eu preciso de você. Eu já te falei isso algumas vezes, juro que todas as vezes foram de verdade, espero que onde você estiver, você lembre disso: o que eu ainda sinto por você nunca foi mentira.

Enid sumiu, evaporou. Desde quarta ela não dá notícias, eu realmente estava preparada para receber sua ligação me afrontando sobre o aluguel, mas isso não aconteceu. Sinclair é uma mulher inteligente, ela não vai demorar nem dois segundos para ligar os pontos. Mandei mensagem quinta de manhã querendo saber se ela estava bem, mas a mensagem não foi recebida. Ela me bloqueou? Ok, agora isso realmente feriu meu ego, então mandei mensagem para Yoko.

"Enid está bem?"

"O demônio que incorporou no corpo dela está ótimo, já a Enid eu não sei."

Sua resposta veio quase que imediatamente e eu levei um susto com o que li.

"Como assim?"

"Ela chegou na livraria essa manhã me acusando de ter ajudado você, me chamando de traíra. Tentei negar, mas ela incorporou três demônios e veio para cima de mim, me chamando de mentirosa. Afinal, o que você fez?"

"Paguei o que ela estava devendo e adiantei esse mês. Ela não falou?"

"Sério? Não, na verdade ela não está falando comigo e quando fala parece que está rosnando."

"Você acha que ela vai amanhã ao instituto?"

"Não faço ideia, mas se eu fosse você não contava com a presença dela. Se ela aparecer, é lucro. Enid é cabeça dura, Wednesday, ela acha que tem que dar conta de tudo sozinha. Preciso ir, clientes entrando."

Respirei fundo e deixei o celular de canto. Essa incerteza me deixava ansiosa. Tentei pensar em como eu faria a atividade com os alunos do instituto se Sinclair não aparecer. Iríamos trabalhar a música que nós duas escolhemos no último domingo, Something just like this, mas a parte dela era que me pegava. Enid sabia como falar com eles, como fazer com que eles se aprofundassem em seus sentimentos. Para os meus alunos eu era a racional e a metódica, Enid era a lúdica e espontânea. Eles me falaram isso? Não, eu apenas observei como eles se portaram na última aula quando ela estava no comando e quando eu estava no comando. Merda, essa aula vai ser um desastre.

O despertador tocou na sexta-feira, mas eu não levantei, continuei debaixo das cobertas com o quarto completamente no breu. Não fui a terapia, eu só não estava afim, queria ficar no meu mundo, na verdade eu não queria nem ir ao instituto. Escutei meu celular tocar sobre a mesinha de cabeceira, olhei o visor e era a Dra. Kinbott, provavelmente ela havia mandado a recepcionista se certificar que eu ainda ocupava espaço nesse mundo. Claro que ocupo, há essa altura do campeonato ela já deveria saber que eu sou covarde até para isso. Desliguei o aparelho quando ligaram pela segunda vez. Por favor, me deixem em paz!

Acho que acabei dormindo, porque voltei a ter a percepção do mundo ao meu redor com a porta do meu quarto abrindo vagarosamente, era a Sra. Thornhill. Ela andou cautelosamente até mim e passou a mão nas minhas costas.

- Ela está deitada, Dra. Kinbott – olhei para ela, a luz que entrava pela porta era suficiente para me permitir ver seus olhos presos em mim – ela vai semana que vem sim, eu vou me certificar que ela não falte – ela falou e eu franzi a testa – obrigada, um bom dia para a senhora também.