Capítulo 35

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Quanto vocês vão cobrar pelo triplex que vou alugar na cabeça de vocês? kkkkkk

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Enid, eu senti medo, muito medo quando ouvi tudo. Eu queria defender você do mundo, mas definitivamente eu não tinha forças para isso, minhas mãos estavam atadas.

Segui meu pai até o seu escritório, nós dois em completo silêncio. Subimos a escada com degraus de madeira até o segundo andar da casa, esfreguei minhas mãos uma na outra, por algum motivo eu sabia que deveria me preparar.

- Feche a porta - meu pai falou assim que passamos pela porta de madeira do seu escritório.

Fechei a porta com cuidado e fiquei parada no meio do escritório, observando Gomez Addams servir uma dose de whisky em um copo de vidro. O lugar mais parecia uma biblioteca, atrás da mesa de escritório de madeira cor de caramelo uma parede toda de livros que ia do chão ao teto. Todo o lugar era nas cores marrom e preto, o que dava um ar obscuro e intelectual ao ambiente.

- Sente-se - meu pai indicou seu canto de leitura, onde tinham duas poltronas de couro sintético na cor preta, com uma pequena mesa redonda entre elas. - É fascinante, não acha? - Ele virou a cabeça enquanto servia sua dose de bebida.

- O que é fascinante, pai? - Perguntei sentada da poltrona que parecia ainda maior comigo ali.

- Assistir o encontro do cérebro e do coração. São dois órgãos tão fascinantes, não acha? - Franzi o cenho sem entender aonde meu pai estava querendo chegar. - Se um deles para, bom... só nos resta esperar.

- Pai, desculpa, mas eu realmente não estava esperando uma aula de anatomia.

- Eu não estava falando de anatomia, estava falando de você e Enid - ele deu um gole na sua bebida cor de âmbar e deixou o copo na mesinha redonda entre as duas poltronas. - Onde Xavier machucou você? - Ele perguntou dando um passo em minha direção.

- Ele apertou o meu braço, tenho certeza que o soco que o Pugsley deu nele machucou mais.

- Falarei com a sua mãe, eu não quero mais os Thorpe na nossa casa. Principalmente se Enid estiver aqui.

- Obrigada. - Ele se sentou na poltrona livre e respirou fundo - Por que o senhor estava falando de mim e de Enid usando metáforas?

- Não são bem metáforas.

Não precisei pensar nem meio segundo para entender sobre o que ele falava.

- O meu cérebro é quebrado - falei olhando o par de olhos negros que me encaravam - o coração dela é quebrado.

- Eu não usaria exatamente esse termo. - Ele deu mais um gole na sua bebida - Wednesday, a Enid é uma menina maravilhosa, inteligente, educada, sonhadora, trabalhadora. Acredite, eu conheço muito bem a Enid. Já a vi bem e já a vi vulnerável, e mesmo vulnerável, com o mundo caindo sobre a cabeça dela, ela não tira aquele sorriso doce do rosto. Em qualquer outra situação eu ficaria muito feliz de te ver com ela.

- O que o senhor quer dizer? - Estreitei os olhos para ele.

- Esse relacionamento não vai te fazer bem, filha. Enid lida com questões muito pesadas para você lidar, principalmente levando os seus momentos de altos e baixos, você precisa focar em seu tratamento, esse relacionamento vai ser conturbado demais.

- Se as questões vão ser pesadas ou não para mim, eu mesma vou avaliar isso, pai, assim que alguém resolver me contar o que de fato está acontecendo. Ela já me falou isso, mas eu preciso saber, só eu sei dizer até quanto eu consigo carregar.

- Ela nunca conversou com você sobre a saúde dela?

- Falou por alto, disse que teve febre reumática, mas nada muito além disso. Ela também me falou sobre a bagagem dela ser muito pesada e, sei lá - eu movia as minhas mãos. - Pai, eu realmente gosto da Enid, e eu quero muito vê-la bem.

La Belladonna  (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora