La Belladonna (Wenclair)

Capítulo 22

Capítulo cedinho hoje pq vou tentar postar mais um a noite ;)

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Enid, eu posso te contar um segredo? Eu perdi as contas de quantas vezes você me chamou para dormir e eu fui apenas porque queria estar perto de você. A falta de sono não era um martírio, ficar abraçada a você até por fim cair no sono era um dos meus momentos favoritos.

Tomei um banho quente de chuveiro, eu não estava realmente com sono, mas os olhos de Enid estavam pesados e exaustos. Ela lutava contra o sono quanto terminava de tomar sua sopa, e eu sabia que ela não iria para o quarto sozinha. Enrolei meu corpo na toalha felpuda e branca, meus cabelos presos no topo da cabeça, com alguns fios que escaparam do coque mal feito, molhados e colados em meu pescoço. Saí do banheiro e atravessei o quarto em direção ao closet, senti os olhos atentos de Sinclair sobre mim. Vesti um pijama quentinho e devolvi a toalha para o banheiro, soltei meus cabelos e deixei o elástico de cabelo sobre a pia. Quando voltei para o quarto puxei a cortina, deixando uma fresta de luz entrar pela janela e iluminar o quarto.

- Você tomou seu remédio? – Enid perguntou quando levantei a coberta pesada para deitar ao seu lado.

- Tomei – respondi rindo de sua preocupação.

- Hum... – Seus olhos cansaços me observavam enquanto eu arrumava os travesseiros para deitar.

- Tudo bem? – Perguntei quando notei que seu olhar continuava fixo em mim, como se procurasse coragem para me dizer algo.

- Sim – ela respondeu – boa noite, Wend – ela falou por fim e virou de costas para mim.

- Boa noite, Enid – respondi.

Fiquei deitada de lado, encarando suas costas, elas subiam e desciam cautelosamente, sincronizando sua respiração. Senti vontade de tocá-las, mas achei que não devia. Fechei meus olhos e me obriguei a me concentrar em minha própria respiração, mas o aroma dos sais de banho de levantada que exalava do corpo de Enid estavam me enlouquecendo. Lavanda não deveria acalmar? O peso que aquele cheiro causava no meu peito era sufocante, e a sensação que eu tinha era que esse peso só iria passar se eu a abraçasse. O quão estranho isso seria? Nós já transamos, por que a abraçar seria algo estranho? Será que abraçar a pessoa assim, deitada na cama, é mais íntimo que transar? Mas isso é apenas uma distração ridícula do meu cérebro, porque eu sei que o peso no meu peito nada tinha a ver com o sexo ou dormir abraçado. Era além disso. Mas como eu falei antes, eu desisti, desisti de resistir, apenas soltei minhas correntes e estou aceitando as consequências dos meus atos.

- Enid – falei baixo e minha voz pareceu falhar.

- Oi? – Sua voz saiu um pouco sonolenta e eu julguei que ela estivesse me respondendo de olhos fechados.

- Eu quebrei o nosso acordo – falei e esperei uma resposta, mas o silêncio foi perturbador, então resolvi continuar – eu... eu me apaixonei por você.

Enid respirou fundo e virou, ficando de frente para mim. Mesmo com a pouca luz entrando no quarto, seus olhos ainda brilhavam. Sinclair tocou meu rosto e por instinto fechei meus olhos para aproveitar seu carinho.

- Eu falei que você não poderia fazer isso – ela falou baixinho e eu abri os olhos para encarar os seus e reparei que eles estavam marejados.

- Não foi minha intenção desobedecer – Respondi me sentindo culpada e ela sorriu.

- Eu não tenho tempo para isso.

- Eu só preciso de cinco minutos, só cinco minutinhos do seu dia – respondi calmamente – ou qualquer tempo que você esteja disposta a me dar.