7 - Aquele em que chove

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Desde que me mudei para esse hotel, meus banhos se tornaram muito mais longos, não que antes fossem rápidos de qualquer forma. Mas a hidromassagem é minha nova melhor amiga, já estou aqui há algum tempo, assistindo à um programa de competição de culinária pela televisão acoplada ao banheiro.

Meu telefone vibra.

[Freen: O que está fazendo?]

Ela faz a mesma pergunta que costuma fazer sempre, acho que esta é uma de suas poucas frases usadas. Seu repertório é bem limitado.

Tiro uma foto do piso molhado com espuma no chão do banheiro e envio para ela. Em resposta, ela me encaminha uma foto de seu sofá.

Mas uma coisa me intriga, tenho quase certeza de já ter recebido essa mesma foto antes.

Começo a sentir fome, então preciso me despedir da minha melhor amiga de água quente. Me enxáguo no chuveiro e estendo a mão para fora do box, mas não consigo localizar o que procuro. É provável que tenha esquecido minha toalha sobre a cama.

Não levo mais que dois segundos para pensar.

Envio uma nova mensagem para ela.

Eu: Pode me alcançar a toalha, por favor?

[Freen: Do que está falando? Estou em casa.]

Eu: Uhum. A toalha, por gentileza.

Respondo e abro a porta alguns centímetros, apenas o suficiente para colocar minha mão para fora. Balanço-a para cima e para baixo sem parar, alguns segundos depois começo a ficar frustrada, mas sei que não estou enganada.

– Estou com frio – Reclamo.

Continuo balançando minha mão com um pouco mais de impaciência, até que finalmente toco algo felpudo e macio.

– Obrigada.

Trago a toalha para dentro comigo e fecho a porta novamente.

– Como sabia que eu estava aqui? – Freen me questiona quando eu deixo o banheiro enrolada na toalha que ela me trouxe.

Sorrio ao passar por ela e seguir para o closet, estou me acostumando com sua presença, quase não sinto mais vontade de desmaiar quando ela me olha.

Nos últimos dias, essa linda mulher maluca, tem tentado me fazer mudar de hotel outra vez. Mas eu me recuso, afinal sei o tamanho da influencia que ela tem, qualquer outro quarto de hotel que eu conseguir, ela ainda vai conseguir entrar. Então estou tentando me conformar, já quase não me assusto mais.

Em uma das vezes, ela invadiu o quarto no meio da noite, eu estava dormindo quando senti uma luz forte incomodar meus olhos. Ela estava sentada no chão ao lado da minha cama apontando a lanterna de seu celular para meu rosto.

– Não é seguro! – Ela repete sempre a mesma coisa.

Ainda me assusto, porque é assustador. Mas ignorei, virei para o outro lado cobrindo minha cabeça com o edredom e voltei a dormir.

Outra vez, eu estava voltando da Idol Factory, quando entrei no quarto ela já estava lá. Fiquei pensando, já que ela pretendia fazer isso, pelo menos poderia ter me dado uma carona e poupado meu motorista do trabalho. Quando disse isso a ela, ela ficou irritada.

– Você está levando na brincadeira? – Freen me questionou estreitando seus olhos para mim.

– No começo era estranho, mas estou me divertindo – Eu admito.

Ela não respondeu mais nada, apenas deixou o quarto à passos duros e foi embora.

Foi assim a semana toda, Freen invadiu meu quarto quase todos os dias, estou desenvolvendo um sexto sentido agora. Eu detecto sua presença.

Duas Marcas - Freenbecky (GAP)Onde histórias criam vida. Descubra agora