9 - Aquele em que nos reencontramos

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Duas atualizações no mesmo dia? Vocês estão sendo mimados demais 🤔

***

Faz pelo menos vinte minutos que estou encostada na porta do banheiro de Freen, observando-a escovar seus dentes. Ela faz tudo com muita dificuldade, lentamente e parece sentir dor. Acabamos de tomar nosso café da manhã e eu preparei para ela um mingau de aveia com bananas, mas ela se recusou a comer o mingau, estou preocupada que ela perca peso, ela já não pesa muito e também não se alimenta muito. Não sei o que fazer.

Basicamente ela está sobrevivendo de água e chá verde desde ontem, que ela consegue beber utilizando um canudo. Toda vez que a olho, sinto vontade de chorar.

– Não – Ouço ela falar numa voz abafada, por conta de seu ferimento e por conta da escova de dentes em sua boca. – Não chore.

Ela está me olhando seriamente através do espelho.

Rapidamente olho para cima, numa tentativa falha de conter as lágrimas que já se acumulam novamente em meus olhos. Freen suspira retirando a escova de sua boca e cuspindo o excesso de creme dental, ela parece ter terminado ou desistido.

Seco meus olhos com as costas das mãos e vou até ela, agora é a minha vez. Depois que ela escova seus dentes eu me ofereço para refazer seu curativo, utilizo uma gaze molhada com uma solução antisséptica para fazer a limpeza da região, isso a faz sentir dor. Ela estremece e eu estremeço junto, meu peito se aperta.

Em seguida, eu utilizo um cotonete estéril para aplicar a pomada anestésica, a pomada tem um cheiro bom, então eu imagino que não tenha gosto ruim. Ela se mantém o mais parada possível enquanto faço isso. Por último, eu cubro com o curativo, que é óbvio que ele não esconde toda a ferida, que se estende quase até o interior do lábio. Então ainda consigo ver o sinal vermelho arroxeado cruzando aqueles tão perfeitos lábios.

Subo meu olhar de seu curativo pronto para seus olhos, que me olham fixamente, seu olhar me intimida. Sinto meus olhos arderem novamente.

– Ah pelo amor de Deus – Ela murmura do jeito que pode.

Pisco repetidas vezes para conter as lágrimas que insistem em querer descer.

– Desculpa – Eu choramingo.

Ao mesmo tempo em que eu a sigo pela casa toda para ter certeza de que ela não precisa de nada, também procuro evitá-la o máximo possível.

Já me certifiquei de que ela está bem, está lendo um livro em seu quarto com seus óculos de leitura. Eu nunca a vi usando óculos antes, eles lhe agregam um charme novo e especial, ela fica linda com eles. Meus olhos descem para seu curativo e sinto vontade de chorar mais uma vez, então me retiro do quarto fechado a porta atrás de mim.

Vou para a sala de estar, ficar passando os canais tediosamente.

"– Já que te dispensaram, por que não vem para casa?" – Questiona papai, ao me ligar depois de eu ter explicado por mensagens o que havia acontecido.

– Eu não posso simplesmente ir pra casa, pai – Suspiro audivelmente. – Eu destruí o rosto dela. Freen não pode trabalhar assim, não consegue comer, ela mal consegue escovar os dentes. Estou preocupada com ela.

Sinto meu peito se apertar novamente e meus olhos arderem.

'Não chore!'

Digo a mim mesma.

"– Mas sentimos sua falta, querida. Preciso te ver."

Meus olhos ardem ainda mais com sua confissão.

– Eu também estou com saudades.

"– Estou prestes à comprar uma passagem e voar até aí, mas seu baba está cheio de trabalho e nunca me perdoaria se fosse sem ele."

Duas Marcas - Freenbecky (GAP)Onde histórias criam vida. Descubra agora