Sobre a narrativa, é claro que a narrativa da Freen vai ser bem diferente da Becky, elas são bem diferentes. A Becky enxerga e descreve mais detalhes porque ela entende melhor as coisas que acontecem e entende melhor seus sentimentos, a Freen não, ela é confusa e só entende regras até aqui, e sente com músicas. Então vai ser diferente mesmo, desculpa se não gostaram 😩
***
– Você precisa ser uma boa garota, caso contrário ninguém nunca vai gostar de você.
Foi o que o papai disse quando tive o primeiro ataque de raiva de que me lembro, com seis anos. Fomos ao cinema para assistir ao primeiro filme em que atuei, era um filme de terror e papai precisou assinar um termo de responsabilidade para que eu pudesse entrar na sala. Havia um banner enorme na entrada, anunciando a animação Os Incríveis, era o que eu queria assistir naquele dia.
Por conta do meu mau comportamento, papai me puniu me forçando a assistir ao meu filme seis vezes, que eram todas as sessões disponíveis naquele dia. Eu não podia fechar os olhos.
Nunca pude assistir à filmes de animação, já que não há atores ali e não há nada para aprender, se não há nada para aprender então era só uma distração, e distrações não são permitidas. Também nunca assisti a filmes de fantasia e ficção, como nunca fui convidada a participar de uma produção desse tipo, não era algo que eu precisasse estudar.
– Há um problema com meu figurino, senhor – Reclamo para o diretor Benjamim Armstrong durante o intervalo de uma gravação.
Eu já havia notado os botões soltos antes, e precisei ficar parte da cena numa posição estranha para que não aparecessem, não queria reclamar. Mas caso ele me pedisse para regravar a cena, me sentiria ainda pior. Ele não pediu, mas ainda haviam cenas para serem gravadas naquele dia e isso me causaria problemas em algum momento. Nesse impasse, entre quebrar duas regras diferentes do protocolo, eu preferi avisar do que precisar regravar alguma cena que eu tenha estragado.
– Senhor? – O diretor Benjamim Armstrong levanta uma de suas sobrancelhas grossas para mim.
Ele tem olhos azuis e calmos, sua voz é sempre controlada, ele nunca gritou com ninguém, eu não sinto medo dele.
– Já viu mais alguém aqui me chamando de senhor?
– Não, senhor.
Ele ri.
– Vamos lá, eu sei que você consegue – O diretor Benjamim Armstrong me incentiva. – Já nos conhecemos há dois anos, por favor.
Novamente estou em um impasse, preciso fazer o que ele quer, então vou quebrar o protocolo.
Olho diretamente para ele.
– Tio Ben? – Consigo dizer ainda com insegurança.
Ele dá um sorriso largo.
– Boa garota – Ele bagunça meus cabelos. – Não doeu, doeu?
– Não, senhor.
O diretor Benjamim Armstrong suspira.
– Tudo bem, a gente chega lá.
Na verdade doeu, doeu quando ele me elogiou e doeu quando ele tocou minha cabeça com carinho, mas ele não precisava saber disso. Faz parte do protocolo que eu não diga a verdade, que eu não diga o que eu quero dizer. Mas naquele momento, quando ele me disse que eu era uma boa garota, mudou todo o sentido da expressão para mim, eu me senti bem e isso era ruim.
Fez com que eu realmente quisesse ser uma boa garota, mesmo que eu não goste de ser uma boa garota. Mas eu queria que ele gostasse de mim.
– Seja uma boa garota e não grite – É o que Sipat me diz.
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Duas Marcas - Freenbecky (GAP)
FanfictionE se GAP a história de Sam e Mon tivesse acontecido em um outro contexto? Rebecca era apenas uma criança que vivia em um orfanato, quando teve a chance de viver a melhor experiência de sua vida. Um estúdio local estava produzindo uma série sobre lar...