Duas Marcas - Freenbecky (GAP)

37 - Aquele da sujeira vindo à tona

Esse capítulo contém atualização junto com o instagram, para quem não segue é @prftcreepysoul, playlist na bio do ig também atualizada.

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Estou deitada na cama já faz algum tempo, não consigo dormir, encaro o teto branco e espero as horas passarem. Me sinto miserável agora, tão errada e impotente. Sinto Freen se mexer ao meu lado, quando viro meu rosto para olhá-la, ela já me olha de volta.

– Achei que estivesse dormindo – Admito.

– No que está pensando?

Volto meu olhar para o teto e suspiro.

– Que foi eu quem te colocou nisso, de novo. Se eu não tivesse te pedido para renovar o contrato, nada disso estaria acontecendo agora.

Ela usa o cotovelo para se apoiar.

– Na verdade, quem garante que com contrato ou sem contrato, ele vai cumprir com o prometido? – Ela questiona.

– Não está com medo? – Volto a olhá-la nos olhos.

Freen apenas acena negativamente com a cabeça.

– Isso poderia arruinar a sua carreira, te deixar vulnerável.

– Eu não me importo.

Arqueio as sobrancelhas para ela. – Como pode não se importar? São imagens suas que poderiam estar rodando por todo canto agora.

– Você poderia até trocar a foto do poster do teto no seu quarto por causa disso.

Se eu não estivesse tão nervosa agora, até poderia rir.

– Isso não é brincadeira – Repreendo-a.

– Eu não estou brincando.

Agora sou incapaz de conter o riso, eu amo e odeio na mesma proporção o fato dela ser tão adorável assim.

Deixo um longo suspiro escapar. – O que vamos fazer agora?

– Vamos dormir.

Freen se aproxima um pouco mais de mim e encosta sua cabeça em meu ombro, seu corpo é quente, imediatamente faz com que eu me sinta bem. Seguro sua mão sob os cobertores, fico feliz só em tê-la por perto.

Precisei voltar a fazer uso do carro particular da Idol Factory para ir e voltar do estúdio, em comum acordo, acreditamos que dessa forma seria melhor. Mesmo que seja o maior desperdício da camada de ozônio. Não me mudei da casa de Freen, não pensamos que chegaria à esse extremo. Mas também não interagíamos mais nas dependências da produtora, agora eu a evitava como todos ali faziam e isso me matava por dentro.

Também não tínhamos mais cenas juntas, nossas personagens não eram mais um par romântico nessa temporada. A personagem de Freen, Sam, havia optado por ficar com o personagem de Heng, Kirk, para que a minha personagem pudesse fugir. Estávamos perdendo duas vezes.

Pelo menos agora eu não precisava mais usar a desculpa dos ensaios e gravações para beijá-la, tinha o privilégio de fazer isso em casa, mas apenas em casa.

A jogada de marketing de Saint, fazendo com que Freen e Heng comunicassem um noivado onde logo em seguida ficariam noivos também na série, havia sido uma ideia genial para os lucros do estúdio. Além de ser totalmente sádica. E funcionou, para ambos os lados, o estúdio estava em alta, os atores destruídos.

Cada dia que passa, Freen parece perder um pouco mais de seu brilho, do seu prazer em atuar. Agora suas cenas precisam ser regravadas com frequência, coisa que não acontecia antes. Ela tem errado suas falas, e frequentemente o diretor a pede para regravar algo que não o agrada. Não tenho ideia das coisas que passam por sua mente, mas todas as vezes que nossos olhares se cruzam, de longe, eu sinto sua dor.