5 - Aquele em que não é seguro

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Tive uma péssima noite de sono e esse é o motivo das manchas escuras sob meus olhos inchados, quando olho meu reflexo no vidro do carro que me apanha todos os dias me arrependo de não ter feito uma maquiagem decente. Mas quando acordei essa manhã, a última coisa com que eu me importava era com a minha aparência, na verdade ela só refletia o quão miserável eu me sentia.

Eu apenas me dei ao trabalho de tomar um banho rápido e escovar meus dentes, nem os cabelos eu penteei, apenas os prendi em um coque desleixado. Vesti uma saia godê branca e um suéter longo com capuz que quase cobria totalmente a saia, e tênis brancos nos pés. Deixei o hotel com o capuz sobre os cabelos e escondendo meu rosto atrás de óculos de sol. Agora eu pareço uma real famosa se escondendo.

Não quero parecer indelicada ou grosseira, então quando chego à Idol Factory eu removo o meu "disfarce", deixando visível a minha situação lastimável. Eu definitivamente não estava me importando.

Fui uma das primeiras a chegar, então me acomodei em minha cadeira de sempre enquanto trocava mensagens com Irin. Tenho passagens compradas pra amanhã de manhã, pretendo ir pra casa para o fim de semana, além de lhe contar resumidamente o fiasco da minha semana, estamos programando de nos encontrar.

Aos poucos a sala vai ficando cheia, as vozes e conversas paralelas preenchem o ambiente, alguns chegam e me cumprimentam educadamente, estou dando o meu melhor para ser simpática.

– Ei, Becky – Non chama minha atenção ao entrar na sala.

Me levanto para cumprimentá-lo, mas algo em suas mãos me choca.

– Estava passando por uma vitrine e vi isso, achei que fosse gostar – Ele explica sorridente ao depositar no chão à minha frente um tótem arredondado de quase um metro de altura, com cordas envolvendo toda a sua estrutura, poderia ser alguma escultura de arte moderna, mas não sei dizer.

– O que é isso?

– É um arranhador para gatos – Ele coça a cabeça meio sem jeito. – Sabe? Pro seu... gato.

Esse deve ser o sétimo presente que ele compra pra um gato que nem existe, não sei como dizer isso a ele, mas preciso fazer com que isso pare.

Eu sorrio sem graça, mas quando vou responder, ela entra. Com toda a sua arrogância e perfume caro, Freen passa por nós, olha para o brinquedo aos meus pés e então para mim com as sobrancelhas franzidas.

'Como ela ousa?'

Penso.

Freen não tem o direito de estar com raiva de mim, eu é que estou com raiva dela.

Acompanho-a com os olhos, até ela se sentar no lugar de costume, exalando sua altivez e antipatia. De repente suas palavras da noite passada retornam para minha mente e minha raiva aumenta.

– Então? – Non chama novamente minha atenção.

– O que?

Aparentemente ele estava falando comigo enquanto eu travava essa luta de olhares ridícula, e acabei não prestando a atenção que devia. A raiva ferve dentro de mim de forma que não consigo controlar.

– Bem, eu gosto bastante de animais, então seria bacana, eu acho – Ele fala um tanto quanto inseguro, me deixando ainda mais impaciente. – Sabe, se você não tiver planos, eu gostaria... de conhecer seu gato esse fim de semana.

'Faça alguma coisa!'

– Ele morreu! – Digo num impulso.

Um silêncio ensurdecedor se instaura na sala imediatamente, olho ao redor e todos estão me olhando com uma mistura de choque e pena.

Duas Marcas - Freenbecky (GAP)Onde histórias criam vida. Descubra agora