Cheguei, cheguei, CHEGUEI!!! Antes tarde do que nunca.
***
– Agora você vai ter que me ouvir – Ele diz ao mesmo tempo em que acende as luzes.
Me sento sobre a cama arrumada e o encaro com irritação.
– Por que você não me deixa em paz? – Reclamo.
Heng me analisa por alguns instantes, como se buscasse coragem para dizer o que queria dizer.
– Por que é que você não atende a droga do seu celular?
Bufo. – Eu nem sei aonde ele está. Por que estava me ligando?
– Freen está doente – Ele diz de uma vez.
– Não está, não – Rebato rápido demais, mais como se fosse um desejo do que uma afirmação real.
Um alerta se acende em mim, e de repente estou completamente sóbria.
Ele suspira. – Ela sofre de transtorno de estresse pós-traumático, eu não sei te explicar muito bem como isso funciona, mas por causa disso ela desenvolveu milhares de paranoias e fobias.
Eu só consigo encará-lo sem reação, meu coração bate acelerado.
– O principal é que ela não deixa ninguém se aproximar dela, ela não deveria ficar sozinha, mas ela só se sente segura se estiver sozinha e nenhum de seus amigos sabe seu endereço de verdade – Ele explica de forma cansada, como se tudo que ele está falando lhe exigisse muito esforço para ser colocado para fora. – Fazemos contato constante para ter certeza de que ela está bem. Ela também precisa tomar remédios controlados e por isso não pode ingerir álcool, tem acessos de raiva, distúrbio alimentar, dores de cabeça...
Heng faz uma pausa para respirar, ele anda até a janela e a abre, como se precisasse realmente de ar. Então ele se volta para mim, consigo sentir seu olhar em mim, mas não consigo olhá-lo de volta, encaro o espaço vazio no chão.
– Por que está me contando isso agora? – Minha voz sai num murmúrio.
– Porque você precisa saber que ela é boa – Ele diz. – Ela costuma levar a fama de vilã na maioria das situações, mas ela não é.
Balanço a cabeça. – Eu sei que ela é boa.
– Não sabe, não – Ele rebate. – Você fugiu e teve seus motivos, eu entendo. Mas eu não posso ficar de braços cruzados vendo a única coisa boa que aconteceu na vida dela acabar. O motivo de toda essa confusão e o motivo pelo qual ela não pode te contar, é para me proteger.
Ele entra em um assunto que me irrita profundamente, me irrita que sempre entremos nesse assunto, mas nunca há respostas para as minhas perguntas.
– Por que? – Digo impaciente. – Você matou alguém, por acaso?
– Sim.
Meu cérebro leva mais de dois segundos para processar. – O que?
– Eu matei uma pessoa.
O choque me impede de dizer qualquer coisa ou pensar em qualquer coisa, meu cérebro congelou, eu o encaro com descrença. Parte de mim acredita que ele vai começar a rir e isso vai ser apenas uma piada, mas ele está sério demais.
– Eu vou te contar tudo que aconteceu, nos mínimos detalhes – Ele me olha com intensidade, me sinto pequena. – Você tem certeza que quer saber?
– Por que está fazendo isso? – Minha voz sai mais aguda do que de costume, estou assustada, mas não sinto medo dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Duas Marcas - Freenbecky (GAP)
FanficE se GAP a história de Sam e Mon tivesse acontecido em um outro contexto? Rebecca era apenas uma criança que vivia em um orfanato, quando teve a chance de viver a melhor experiência de sua vida. Um estúdio local estava produzindo uma série sobre lar...