Passei a tarde fora do estúdio, eu não tinha cenas a serem gravadas naquele horário. Mas para Freen, inventei a desculpa de que iria até o ateliê de Yo, ex-namorada de Heng, para tirar medidas. Me sentia mal por mentir, mas sabia que dessa forma ela não insistiria em me acompanhar ou me buscar. Eu tinha um objetivo.
Como eu não conhecia muitas pessoas na cidade e as pessoas que eu conhecia, não poderia explicar o que eu estava fazendo, fui acompanhada da minha melhor amiga e parceira de missão. Acompanhada da forma que dava. Uso fones de ouvido e estou em ligação com Irin há mais de duas horas, eu entro e saio de joalherias e não consigo encontrar o que eu procuro.
"– O que é que você procura, afinal?" – Ela me questiona.
Acabo de sair de dentro de uma loja da Cartier, de mãos vazias.
– Um presente de aniversário para Freen – Explico. – Já te disse um milhão de vezes.
"– Sim, mas é muito vago – Ela reclama. – Como vai encontrar o presente ideal se nem sabe o que está procurando?"
– Eu vou saber quando eu encontrar.
Ela solta o ar exasperadamente sobre o alto-falante do celular.
"– Então quer uma joia?"
– Eu não disse isso.
"– Acho que eu sou bastante capaz de deduzir isso sozinha, quando você já entrou em cinco joalherias" – Ela aponta.
Suspiro.
– Certo, alguns dias atrás estávamos jogando um jogo de perguntas e respostas...
Ela ri.
"– Como é? Um jogo?" – Me interrompe.
– Sim, eu tinha a chance de fazer cinco perguntas e ela tinha que responder, não podíamos pular – Explico brevemente.
"– E o que foi que você perguntou?"
– Se ela fosse um animal, que animal seria – Respondo.
Irin explode numa risada alta outra vez.
Rolo meus olhos, as pessoas passam por mim, mas não me importo se pareço maluca falando sozinha. Estou numa missão.
"– Você teve a chance de perguntar qualquer coisa pra mulher mais fechada do mundo e perguntou isso? – Ela volta a rir. – Becky, eu te amo, mas não consigo te defender."
– Já acabou?
"– Certo – Ela respira fundo para controlar a crise de riso. – E o que mais?"
– Perguntei o que ela gostaria de ganhar de presente de aniversário, já que ela odeia comemorar o próprio aniversário, eu queria pelo menos comprar um presente legal.
"– E ela respondeu?"
– É claro, era uma regra do jogo. Disse que queria um... – Me interrompo. – Uma joia.
"– Uma joia? Pra quê ela iria querer isso? Ela não poderia só comprar?"
Essa possibilidade passou pela minha cabeça, obviamente. Mas é difícil entender como a mente dela funciona, ainda estou tentando encontrar sentido. O mais lógico que consegui pensar foi que ela gostaria de algo para poder guardar, algo que fosse de valor não só sentimental. Que não fosse caro o suficiente para ser inviável, mas que não fosse tão insignificante a ponto de ser fácil de perder. Isso fez sentido para mim.
Mas quando eu olho de outro ângulo para a sua resposta, percebo que as pessoas podem não enxergar dessa forma. E a forma com que podem ver, seria muito irracional.
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Duas Marcas - Freenbecky (GAP)
Fiksi PenggemarE se GAP a história de Sam e Mon tivesse acontecido em um outro contexto? Rebecca era apenas uma criança que vivia em um orfanato, quando teve a chance de viver a melhor experiência de sua vida. Um estúdio local estava produzindo uma série sobre lar...