SandCastles - DocShoe

Ela acordou! 🙏🏼

Antônio.

Conseguimos fazer a transferência de Amanda para um novo hospital de forma rápida, Fred foi o responsável por organizar tudo, já que eu não tinha condições psicológicas nenhuma de ter que fazer tomadas de decisões e Larissa menos ainda.

Os pais dela chegaram na cidade dois dias depois do acidente e os dias seguintes foram de muito cuidado. Fazíamos um revezamento para que ela não ficasse sozinha por nenhum momento durante todo o período de internação. Foram dias corridos entre eu, seus pais, irmão, Larissa, Fred e até João Vicente que veio por alguns dias pra ajudar.

Minha agenda foi toda remanejada, treinos, reuniões e compromissos foram adaptados para diferentes horários para que eu pudesse sempre estar no hospital na hora mais importante do dia: a atualização do quadro clínico dela que os médicos faziam todo final de tarde.

Era arriscado, visto que minha luta estava cada dia mais próxima? Sim, era muito. Porém, nada naquele momento era mais importante do que ver a recuperação de Amanda.

Enquanto ela estivesse ali, minha vida seria bem mais cinza e as cores não brilhariam igual. O aniversário da minha mãe foi semana passada e não fui a festa, não estava em clima de comemoração, ela não só entendeu como marcou um jantar simples para que eu pudesse vê-la sem maiores alardes.
Prometi a ela que assim que Amanda ficasse bem, iríamos juntos pra ela conhecer a mulher que me fez descobrir o amor.

Porque sim, eu descobri o que era amor de verdade com Amanda, nunca tive dúvidas sobre os meus sentimentos por ela, mas vê-la naquela situação me fez entender o que é amor de um homem por uma mulher, todos os relacionamentos que tive anteriormente não significaram nada perto do sentimento que eu tenho hoje por ela.

O medo de perdê-la era constante e sufocante, eu não me vejo mais sem te-lá por perto, não me imagino sem ouvir sua gargalhada, não me imagino sem seu toque, não me imagino sem seu cheiro, não me imagino mais construindo uma família com alguém que não fosse Amanda.

Ela é a mulher da minha vida!
Não tenho dúvida quanto a isso.

Os dias foram passando e o quadro clínico de Amanda foi melhorando de forma surpreendente, o médico ia diminuindo a dose de sedação a cada dia, o que significava que ela estava prestes a acordar, o que me causava uma ansiedade enorme, não vejo a hora de poder ver os olhos dela de novo e ouvir sua doce voz.

Sua recuperação pós cirúrgica de ombro ia muito bem, todos os dias duas vezes fazia fisioterapia passiva mesmo sedada para que sua recuperação seja ainda mais ágil.

Seus machucados pelo corpo já estavam praticamente curados, sobrando apenas escoriações leves.

Eu acompanhei todo o processo desde o primeiro dia e enchia meu coração de alegria ver as pequenas vitórias do dia-a-dia.

Eu passava horas contando sobre os meus dias pra ela, coisa que fazíamos a todo momento antes do acidente, então eu segurava em sua pequena mão um pouco machucada pela quantidade de dias com o acesso sanguíneo naquela região e contava sobre tudo o que tava acontecendo e sobre como ela estava evoluindo e sobre como eu não via a hora que ela acordasse para que pudéssemos viver a vida inteira juntos.

Em um desses papos diários contei pra ela que quando ela acordasse teríamos um motivo pra comemorar, já que na reunião que fiz hoje finalmente descobri que a minha luta já tinha uma data marcada oficialmente: 23 de Novembro.

- 23 de Novembro, tá chegando né? Eu tô nervoso, confesso, mas felizmente agora já tenho um dia certo Amandinha, você já sabe o quanto isso me alivia a alma, só falta você acordar pra felicidade ser completa, meu amor.— falei enquanto estava sentado ao seu lado.

Nesse momento senti uma leve pressão nas minhas mãos vindas das mãos de Amanda e quase gritei de emoção.

- Amor, você consegue me ouvir? — perguntei com os olhos cheios de lágrimas.

Senti mais um aperto leve em meus dedos.

- Se você estiver me ouvindo, aperta meu dedo de novo, mas dessa vez aperta duas vezes — pedi, já que pensei que estivesse alucinando.

Os dois apertos vieram de forma suave.

Eu chorava copiosamente, ela estava ali, me ouvindo, essa é a melhor notícia do mundo.

Me abaixei perto de seu rosto, ainda chorando muito e continuei o papo com ela, contei sobre todos os dias e sobre o quão amada ela era por tudo mundo a sua volta, senti mais alguns apertos na minha mão durante toda a tarde, o que faziam meu coração explodir de felicidade a cada toque.

Rodrigo chegou ao hospital mais pelo fim da tarde e eu contei a ele sobre o que tinha acontecido e ele me abraçou tão forte que pude sentir ali que apesar das nossas diferenças seríamos movidos por um amor em comum: Amanda.

Assim que o abraço terminou e voltamos os olhares lacrimejantes em direção a cama, lá estava ela com os olhos abertos olhando em nossa direção.

Amanda tinha recuperado a consciência!