Antônio.
Depois que Amanda desceu do carro e adentrou por aquelas portas, a vontade que eu tinha era de sumir.
A sensação de ver minha felicidade escorrer entre meus próprios dedos era angustiante, sufocante e provavelmente era a pior sensação que eu já senti na vida, não só por Amanda, mas por saber que dentro do ventre dela, ela carregava o motivo da minha existência.
Fiquei dentro do carro ainda parado no estacionamento do aeroporto até conseguir me recompor e parar de me desmanchar em lágrimas e muito remorso de não impedir meus dois grandes amores de irem embora pra outro continente.
Tive que me controlar muito pra não sair daquele carro e comprar a primeira passagem pro Brasil pra ir junto com elas, porque a minha vontade era exatamente essa: jogar tudo pro alto.
Enquanto eu tentava convencer a mim mesmo que a minha luta também era muito importante nesse momento, eu respirava fundo tentando trazer o ar de volta aos pulmões.
- 1 mês Antônio, 1 mês e você estará com elas de novo. — era o que eu mentalizava a todo instante.
Fiquei mais alguns minutos tentando me acalmar, até finalmente conseguir dar partida no carro e rodar sem rumo por Miami até parar na frente da American Top Team.
Eu não tinha o costume ou o hábito de treinar aos domingos, inclusive se quer era recomendado pelos meus preparadores físicos e fisioterapeutas pessoais, já que toda a minha musculatura precisa de descanso devido a carga de estímulos sensoriais que ela recebia durante os 3 períodos de treinos diários, o descanso era necessário para evitar possíveis lesões por fadiga muscular, principalmente em atletas de auto rendimento que estão próximos a lutar, porém, hoje eu precisava disso mais do que nunca.
Eu precisava sentir a endorfina invadir todo o meu sistema nervoso central, eu precisava soltar toda aquela energia acumulada, já que o que eu realmente precisava e queria estava em uma sala de embarque nesse exato momento.
A luta era a única coisa que me restarta por aqui e seria nela que eu me apegaria até conseguir me reencontrar com as duas mulheres da minha vida.
Entrando na academia encontrei o lugar totalmente vazio, eram somente eu, a recepcionista e mais duas idosas fazendo esteira no andar de cima, mas isso era tudo o que eu precisava, um belo de um silêncio e algo para poder descontar toda a minha tristeza, ou seja, um belo saco de pancada.
Fiquei ali por um tempo, socando aquele saco de pancada quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Eai cara! — era Buchecha.
Olhei pra trás e continuei a proferir meus socos.
- Eu passei na sua casa e não te achei, então eu tinha certeza que te encontraria aqui. Imagino que hoje o dia não foi fácil né? — ele continuou.
Eu parei meus socos por um instante, olhei em sua direção e neguei com a cabeça.
Eu evitei abrir a minha boca pra falar qualquer palavra porque eu sei que eu começaria a chorar depois da primeira frase e Buchecha que me conhece a anos, certamente sabia disso também.
- Eu sei... Na verdade não sei não, mas eu imagino meu mano... — ele disse me dando uns tapinhas nas costas — não precisa falar nada, eu só vim aqui me oferecer pra treinar com você porque sei que coração partido de lutador só se cura com porrada. Então, hoje serei um bom amigo e serei seu saco de pancada humano. — falou dando uma risada
Buchecha era meu melhor amigo, nossa conexão era real e totalmente espontânea, nos conhecíamos a muitos anos e nos tratávamos feito irmãos e na verdade, era exatamente isso que ele era pra mim, um irmão.
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SandCastles - DocShoe
عاطفيةAntônio é um renomado lutador que acaba de se curar de um câncer e está tentando readaptar a vida sem restrições. Amanda é uma estudante de medicina sonhadora, doce romântica e completamente apaixonada pelo seu melhor amigo de infância: Rodrigo. Ser...