Segredo! 🤐

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Amanda.

Desde que descobri a gravidez minha vida virou mais uma vez de ponta cabeça...

Eu já estava ficando especialista nas reviravoltas da vida, mas com certeza um filho era a maior delas.

Eu havia feito Roberta prometer que não contaria à absolutamente ninguém antes que eu contasse a Antônio.

Antônio... Meu Deus, como será que ele vai reagir a essa notícia?

Minha cabeça rodava e minha barriga doía só de pensar na reação dele ao saber que daqui menos de 9 meses uma criança estaria no mundo.

Me sinto péssima em dizer isso, mas preciso confessar que felicidade não é a palavra certa pra me definir nesse momento.

Se eu pudesse me definir em apenas uma palavra seria MEDO!

Medo da reação de Antônio.
Medo de não ser uma boa mãe.
Medo do que seria de mim daqui pra frente.
Medo de não poder mais trabalhar com o que amo.
Medo das mudanças que teriam que ser ser feitas.
Medo de não conseguir criar o meu filho.
Medo de alguma coisa o machucar.
Medo! Medo e mais medo!

A primeira coisa que eu fiz quando consegui raciocinar direito foi marcar uma consulta com um obstetra pra fazer os primeiros exames de pré-natal e ter a certeza que estava tudo bem comigo e principalmente com o bebê.

- Bom, mamãe. Você e seu bebê estão ótimos e saudáveis.

Ouvir essas palavras foram um alívio na minha alma.

- Você está com 7 semanas de gestação, o que equivale a 2 meses.

- Doutora, eu tomei bastante vinho nesses últimos 2 meses, então tô um pouco preocupada com isso...

- Pode ficar tranquila Amanda, seu bebê está ótimo. Ele está se desenvolvendo dentro do esperado pra sua quantidade de semanas gestacionais.

Foi um alívio ouvir isso, eu jamais iria me perdoar se acontecesse algo com o meu bebê — meu Deus, agora eu tenho um bebê, pensei — devido ao meu vício em vinho.

- Doutora, mais uma coisinha, o pai do meu bebê — meu Deus, meu bebê, nunca vou me acostumar com o fato de agora eu ter um bebê — mora fora do Brasil e eu não gostaria de contar uma notícia desse tamanho pra ele pela internet, preferiria que fosse pessoalmente. Então, eu gostaria de saber se há algum tipo de risco em viajar.

- Amanda, nesse início de gravidez o bebê ainda está em formação, então alguns médicos não recomendam a viagem, porém, como é de sua necessidade, vamos realizar alguns exames e se tiver tudo bem com a suas taxas hormonais, eu autorizo sua viagem, desde que você só retorne pro Brasil depois de completar o 1º trimestre inteiro, ou seja, só poderá retornar depois da 12º semana, certo?

- Certo Doutora, muito obrigada. — a respondi

Enquanto fazíamos os exames necessários pra autorização médica, ela continuou:

- Além de só voltar pro Brasil depois da 12º semana de gestação, há outras recomendações, como usar uma meia de média compressão nas pernas durante todo o vôo, se for possível pegar um assento com espaço extra pra esticar as pernas durante o todo o percurso, nada de ficar na parte da frente do avião esteja sempre perto de banheiros, tomar bastante água pra evitar desidratação já que grávidas tentem a desidratar mais rápido, evitar alimentos que causam gases e use roupas leves pra ter conforto na hora de viajar e principalmente não tire o cinto de segurança em nenhum momento em que você estiver sentada em sua poltrona, tá? O cinto evita possíveis choques contra a sua barriga, como você está no início da gravidez, então todo o cuidado redobrado ainda é pouco, certo? — assenti com a cabeça — Ah e não se esqueça de despachar todas as bagagens, pegar peso nem pensar, tudo bem?

- Certo. Muito obrigada, Doutora.

- Bom Amanda, está tudo certo com as suas taxas hormonais e tudo além disso, então vou fazer uma autorização médica por escrito caso a companhia aérea peça, no carimbo tem o meu telefone, qualquer tipo de dúvida ou desconforto, você pode me ligar ou me mandar uma mensagem, tudo bem?

Assenti com a cabeça levemente.

- Façam uma boa viagem! Cuidem-se.

- Mais uma vez, muito obrigada Doutora.

Nos despedimos e eu segui rumo a minha casa.

Antes de chegar, passei em uma loja e já comprei as meias compressivas que a obstetra me indicou e assim que cheguei em casa comecei os preparativos pra viagem...

Consegui comprar passagem aérea sem escala para amanhã no período da manhã, ou seja, eu teria menos de 24h pra organizar tudo antes de ir.

Arrumar mala pra ir pra Miami era assustador, eu nunca tinha ido até lá, então fui obrigada a entrar no Google e pesquisar qual era a média de temperatura naquela época pra evitar de levar roupa errada, até porque seriam 5 semanas por lá.

Procurei colocar roupas confortáveis e elegantes na mala e me programei pra comprar algumas peças por lá também, já que meu corpo passará por algumas mudanças significativas e provavelmente várias dessas minhas roupas se quer vão me servir daqui 2 semanas, o que era desesperador só de pensar...

Eu sabia poucas informações sobre a vida de Antônio por lá, então tratei de procurar um hotel na região de Boca Raton, que eu sei que é o bairro que ele reside e procurei também o endereço da American Top Team, sua academia por lá, já que seria o único jeito de encontrá-lo na cidade.

Quando terminei de preparar eu estava exausta, um dos maiores sintomas de gravidez que eu tenho é esse cansaço o tempo todo.

Me deitei, coloquei o despertador e logo adormeci.

Quando o despertador tocou, dei um pulo da cama, tomei um banho e logo interfonei para seu Luiz para que ele me ajudasse a levar as malas até a portaria, visto que uma das orientações médicas era: nada de pegar peso.

- Vai viajar, dona Amanda? — o carismático senhor me perguntou.

- Vou sim seu Luiz e vou demorar um pouquinho pra voltar, então qualquer correspondência que chegar pra mim, pode entregar pra Lari, tá?

- Certo dona Amanda! Tenha uma ótima viagem.

- Obrigada! Fique com Deus.

Entrei no Uber e sai rumo ao aeroporto.

Consegui fazer o check-in sem maiores problemas e esperei até a hora do vôo.
Quando o vôo foi anunciado, confesso que foi um tanto quanto engraçado entrar no avião em fila preferencial!

Meu Deus, eu tô grávida mesmo — eu pensava o tempo inteiro.

Durante o tempo de vôo foi inevitável imaginar possíveis cenários pra tudo o que poderia vir a acontecer daqui a algumas horas...

Vários questionamentos começaram a surgir na minha cabeça e pra cada possível cenário, eu criava uma resposta imediata de como eu iria agir diante dele...

Será que vou conseguir falar? Eu preciso botar tudo pra fora...

Será que ele vai acreditar em mim? Se não acreditar, eu venho pra casa e sigo com a vida.

Será que ele vai questionar a paternidade? Se questionar, ele realmente não me conhece.

Será que ele vai ficar feliz em saber? Se isso acontecer não precisarei de mais nada na vida.

Será que ele vai querer participar da vida dessa criança? Se ele não quiser, tudo bem, eu crio meu filho sozinha.

Entre várias idas ao banheiro e vários goles de água pra me hidratar, esses questionamentos rondaram a minha cabeça até que peguei no sono. E só acordei quando o piloto já anunciava que estávamos próximos ao pouso.

É, tava chegando a hora...
A hora de reencontrar Antônio.
A hora de contar que ele seria pai.

PAI!!!!!

SandCastles - DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora