SandCastles - DocShoe

Ressignificação 💬

Antônio.

(...)

- Antônio? — Amanda disse de forma repentina depois de um silêncio por parte dela que já durava alguns minutos.

- Oi — respondi tirando o olhar daquela barriga linda e levando até ela.

- Eu acho que... Eu acho que tô sentindo a Luna mexer pela primeira vez... — ela disse com lágrimas nos olhos e o rosto tomando por uma emoção genuína.

- Você tá falando sério? Não brinca comigo, por favor. — falei pra ela já sentindo meu corpo praticamente estremecer.

- Eu juro, ela tá... ela tá se mexendo, meu Deus do céu, ela tá se mexendo mesmo. — ela disse colocando as mãos no rosto na região da boca.

Lágrimas caíram como cachoeiras pelo meu rosto, foi impossível não me emocionar ao perceber que a minha filha estava crescendo cada dia mais ali dentro da barriga de Amanda.

- Acho que talvez ela possa estar querendo responder você, papai. — Amanda disse ainda com o rosto tomado por lagrimas de emoção assim como as minhas.

- Luna, você tá respondendo o papai? — perguntei falando baixinho ainda mais próximo da barriga de Amanda.

- Eu tô sentindo Antônio, pela primeira vez eu tô sentindo, das outras vezes que senti alguma coisa cheguei a conclusão que eram gases — ela falou me arrancando uma gargalhada sincera.

- Pequena, o papai tá aqui com você tá? Seremos eu, você e sua mamãe pra sempre. Queria te pedir perdão mais uma vez por ser esse babaca de vez em quando, mas é que assim como você, papai tá aprendendo um bocado de coisa, mas eu PROMETO pra você que quando você estiver aqui fora, o papai já vai ser uma pessoa bem melhor, tá? Mas eu quero que você saiba desde já que eu tô aqui meu amor, eu tô aqui. — eu falava com ela chorando com um choro de um mix de emoção, arrependimento e muito amor.

E foi exatamente naquele momento que eu percebi que eu não poderia ir embora pros EUA, meu lugar era aqui, com ela, aliás com ELAS.

Eu só me sentiria completo vendo toda essa transformação com os meus próprios olhos e nunca iria me perdoar por estar longe por opção em um momento tão único como esse.

Por mais que as coisas estivessem difíceis pra mim, minha filha queria e precisava do pai dela por perto e eu sinto no fundo do meu coração que foi isso que ela quis me dizer quando se mexeu pela primeira vez dentro do útero de Amanda.

Era um respeita, era a MINHA resposta.

Eu daria o espaço necessário que a mãe dela me pediu, respeitando sua individualidade e seus desejos, mas ainda sim eu queria ser um porto seguro pra elas, eu seria a âncora dessa pequena embarcação de três.

Passei o restante daquela tarde conversando com Luna, visto que como agora ela me respondia, não se tratava mais de um monólogo. E também cuidando e fazendo companhia a Amanda, conversando bastante e auxiliando ela dentro do possível com as medicações e afazeres básicos, incluindo o almoço, já que ela disse que estava com desejo de comer uma lasanha com molho branco que modéstia parte, eu fazia muito bem.

O clima durante todo o restante da nossa tarde foi de muita paz e harmonia, mal parecia se tratar do mesmo dia, já que pela manhã nossa conversa, ou melhor, nossa discussão foi extremamente difícil para ambos...