Amanda.
Depois de mais umas 2 idas ao banheiro e uma longa conversa com Antônio, além de estar exausta, eu estava faminta.
Parece que Deus ouviu minhas preces e provavelmente tenha sussurrado no ouvindo de Antônio, já que rapidamente ele me perguntou...
- Você está com fome? Você precisa se alimentar bem né?
- Olha, pra falar a verdade, estou sim. — respondi a ele — Será que a gente pode passar em algum lugar pra comer antes de ir até o hotel?
- Claro! — ele estendeu a mão para me ajudar a levantar do sofá — então, vamos?
- Vamos! — levantei-me rapidamente e o segui até a porta de sua casa.
Entramos no carro e rapidamente chegamos até um restaurante.
- Você tem preferência de onde sentar, Amandinha?
- Sim, eu prefiro de um lugar que seja bem arejado e de preferência que seja perto do banheiro, porque eu ando passando um pouquinho mal demais nesse inicio de gestação.
Antônio me levou até uma área externa do restaurante que além de bater uma brisa fresca e refrescante, tinha uma visão linda de um jardim cheio de flores, onde até conseguíamos ouvir pássaros cantarolarem.
- Me conta, como você está se sentindo? — ele perguntou — você disse que está passando mal?
- Ah, Antônio, esse início vem sendo um pouco complicado, além das quedinhas de pressão, tenho sentido muito enjoo, muito mesmo. No avião mesmo, eu tive que ir até o banheiro algumas vezes pra... pra... você sabe né? Botar tudo pra fora. — comentei fazendo uma careta.
- E você ainda queria ficar sozinha no hotel? Nem ferrando que eu ia deixar.
- Ué e qual o problema? No hotel tem várias pessoas aptas pra me ajudar caso eu precisasse de alguma coisa — falei de forma bem cínica botando os cabelos atrás da orelha.
- Ah, tá. Mas nenhum deles seria seu namor... o pai do bebê. — ele se corrigiu antes que pudesse terminar aquele ato falho.
Aliás, sobre esse assunto, ainda não acho que seja o momento ideal, mas logo teria que ter essa conversa com Antônio.
Nosso relacionamento acabou a 1 mês atrás por escolha única e exclusivamente DELE e apesar de carregar um filho nosso em meu ventre nada mudou entre nós, então nossa relação será somente de amigos e principalmente uma reação paternal de pais de primeira viagem, tudo seria estritamente pelo bem desse bebê.
Moraremos juntos durante esse período que eu ficarei por aqui, mas assim que eu completar minhas 12 semanas, eu voltarei para o Brasil.
Minha vida está lá, meu trabalho está lá e eu precisava disso pra poder viver e dar um futuro pra essa criança.
- Você já contou pra alguém? — ele falou despertando-me da minha bolha de pensamentos.
- Pra falar a verdade não, além da Roberta que estava comigo quando fiz o exame, ninguém mais sabe... No dia seguinte que eu descobri, peguei um avião pra vir te contar, acho que você merecia e precisava ser o primeiro a saber.
- Obrigado, mesmo do fundo do meu coração. Você não faz ideia do quanto isso significou pra mim, nunca vou conseguir te agradecer o suficiente — ele pegou em minha mão que estava em cima da mesa, mas eu logo a retirei de lá, levando até o meu colo.
A comida chegou e nós calmamente almoçamos enquanto conversávamos sobre mais alguns sintomas que eu estava sentindo.
Antônio parecia estar realmente interessado em saber cada detalhe, mesmo tudo isso sendo meio que novidade pra mim também, visto que eu descobri a gravidez somente a 3 dias atras, então todas as nossas descobertas nesse período seriam feitas juntos.
- Além de não viajar, quais as outras recomendações que a obstetra passou? — ele perguntou.
- O básico... Nada de pegar peso, nada de passar nervoso, tomar cuidado com alguns alimentos, tomar bastante e variadas vitaminas, beber muita água. Nada anormal, aquilo de sempre. — enumerei a ele.
- Eu deveria estar anotando tudo isso em um caderno, né? — ele perguntou me fazendo rir.
- Deveria mesmo — respondi irônica.
Terminamos de almoçar e fomos até o hotel onde eu iria ficar pra cancelar a hospedagem e pegar as minhas bagagens.
Chegando lá, Antônio foi reconhecido por algumas pessoas e mesmo depois de tanto tempo eu ainda me pegava impressionada ao lembrar que ele era uma pessoa famosa.
Enquanto ele atendia os fãs eu gastava todo meu inglês nada fluente tentando cancelar a minha reserva na esperança que pelo menos uma parte do valor da hospedagem fosse estornado.
Pô, eu sei que parecia mesquinho da minha parte, mas o dólar tá caro né? E agora eu teria fraldas, talcos e muito mucilon pra pagar, toda economia seria mais que necessária.
Enquanto eu resolvia as burocracias do cancelamento e pegava meus suados dólares de volta, Antonio subiu até o quarto pra descer com as minhas bagagens.
- Meu Deus, pra que tanta coisa? — ele chegou empurrando um carrinho com as malas.
- São 5 semanas, meu querido. E nunca se sabe como estará o clima aqui né? — falei dando de ombros pra ele.
- Ah, e porque você vai ficar 5 semanas você precisa trazer tudo isso de roupa? Amanda, aqui tem máquina de lavar, sabia? — falou implicando comigo.
- Engraçadinho você... Eu só trouxe o necessário.
- O necessário pra se mudar pra cá, né? — falou rindo.
- Aí dona Lurdes, se você vai começar a reclamar já me fala agora que eu já subo com as malas tudo de novo.
Ele ria enquanto colocava as malas no porta malas do carro, sentei-me no banco do carona e coloquei o cinto de segurança enquanto ele repetiu o ato no banco do motorista.
- Sabe o que é pior? — falei gargalhando ao me lembrar.
- O que? — ele subiu os olhos até mim.
- É que não dou 2 semanas pra todas essas roupas se quer servirem em mim.
Antônio gargalhou de uma forma tão espontânea que automaticamente me lembrei de como era natural essas gargalhadas gostosas quando estávamos juntos.
Era inevitável não lembrar do quão feliz a gente foi. Do quão leve o nosso relacionamento foi enquanto durou.
Apensar da relação entre homem e mulher não existir mais, eu nunca duvidei do quão especial Antonio é.
Ele é uma das pessoas com o maior coração que já conheci e apesar de tudo, no final das contas eu tive MUITA sorte, não poderia ter homem melhor pra ser o pai do meu filho.
Te-lo comigo nesse momento tão especial em nossas vidas não tem preço.
Enquanto voltávamos pra casa, peguei Antônio me encarando de forma nada discreta.
- O que foi? — perguntei a ele.
- Eu preciso te confessar uma coisa — ele respondeu.
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SandCastles - DocShoe
Storie d'amoreAntônio é um renomado lutador que acaba de se curar de um câncer e está tentando readaptar a vida sem restrições. Amanda é uma estudante de medicina sonhadora, doce romântica e completamente apaixonada pelo seu melhor amigo de infância: Rodrigo. Ser...