A Revelação 💥

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Antônio.

O almoço com Amanda está sendo como sempre leve e muito divertido, ela tem um ótimo senso de humor e acaba deixando os meus dias muito mais leves.

Fazíamos planos pra viagens, pra fins de semana, pra festas, pra vida, pra tudo...

Eu realmente acho que ela seria a mulher certa pra mim e sentia observando aqueles olhos que ela estava prestes a perceber isso também em relação a mim.

Mas, ainda sim eu me sinto mal por não ter aberto a situação de Miami pra ela ainda, por mais que ainda faltem meses até isso acontecer, não consigo deixar de me sentir um covarde por omitir essa informação dela por medo de sua reação.

Medo, essa é a palavra.

Eu já estava extremamente apegado em Amanda e em sua companhia e só de imaginar ter que ficar longe dela me dava calafrios. Mas eu precisava ser sincero, precisava abrir a informação com ela.

- Amandinha, preciso te falar uma coisa importante.

- É fofoca? Adoro uma fofoca, conta conta conta... — fala disse entusiasmada.

- Lembra que te falei sobre voltar a lutar? Então...

- MEU DEUS SAPATINHO!!!!!! Já definiram uma data? "Cê" vai voltar a lutar???? — disse com os olhos brilhando de empolgação por mim.

- Sim e não. — ela me olhou sem entender — a data não está definida ainda, mas o mês está: Novembro!

- SAPATINHOOOOOOO, eu tô muito feliz por você, cara, muito feliz mesmo. E onde vai ser? — ela disse tão empolgada que transparecia por todos os centímetros do seu corpo.

- Era sobre isso que eu queria falar — falei mais contido — vai ser provavelmente em Las Vegas — os olhos dela brilharam mais do que vagalumes — mas o que eu queria falar mesmo, é que... que... que... — tentava procurar palavras pra colocar aquilo pra fora...

Ela me olhava atentamente, esperando a conclusão da frase com um sorriso largo no rosto.

- É que eu tenho que ir pra Miami com pelo menos 3 meses de antecedência e como a PFL as lutas acontecessem na primeira fase por pontos e na segunde fase como se fosse um mata-mata até a final — ela me olhava como se não tivesse entendendo nada e é bem provável que não estivesse mesmo — e  que as lutas acontecem com um espaçamento relativamente grande entre uma e outra, eu meio que não teria data pra voltar oficialmente. — falei enquanto a olhava fixamente nos olhos e enxergava uma Amanda totalmente perdida.

Ela continuava a me olhar atentamente, mas dessa vez com um sorriso que ia morrendo aos poucos.

Depois de um silêncio que não deve ter durado mais do que 10 segundos, mas que pra mim havia durado mais de 1 hora, ela continuou:

- Miami? Nossa, isso é... longe, né? — disse com os olhos muito menos empolgados do que a minutos atrás.

Ficou em silêncio novamente dessa vez olhando pra baixo, provavelmente tentando digerir o tanto de informação que tinha acabado de receber, até que levantou o olhar novamente em minha direção...

- Pera, deixa eu ver se eu entendi direito, você tá sabendo disso desde o dia em que disse que tinha notícias a me contar e mesmo assim preferiu ficar calado? — ela começou dizendo e tendo exatamente a reação que eu tanto temia.

- Não, eu ia te contar, mas... — tentei falar mas ela cortou minha fala

- Você ia me contar? Me contar quando, Antônio? Quando faltasse 2 dias pra você ir embora? — falou com um tom de voz ríspido que eu não tinha ouvido dela ainda.

- Não, linda, é que eu estava me prepar... - me cortou novamente

- Então é isso né? Você sabia que ia embora e mesmo assim preferiu começar uma relação comigo. Acho que no mínimo eu tinha o direito de saber isso antes né? Porque agora você vai embora e eu fico aqui, sozinha e com o coração partido... Mais uma vez partido, o que não é novidade, inclusive, isso deve ser até uma sina pra mim, de verdade, eu deveria estar acostumada, essas coisas sempre acontecem comigo. — falou balançando a cabeça negativamente e com os olhos enchendo de lágrimas, o que me fez querer morrer

- Eu preciso pelo menos me explicar, linda, por favor, não era minha intenção — tentei começar a justificar, mas mais uma vez fui cortado.

- Não era a intenção, mas fez né Antônio? Com ou sem intenção, você preferiu me fazer de tapa buraco. — ela disse sem conseguir segurar as lágrimas.

- Eu jamais ia te fazer de tapa buracos, pelo amor de Deus, ouça o tamanho da besteira que você tá falando, Amanda! — falei com um tom de voz firme.

Ouvir isso foi como um tapa na minha cara, como ela poderia imaginar que eu fosse capaz de fazer uma coisa assim com ela?

- Eu preciso ir trabalhar — ela falou enquanto enxugava algumas lágrimas e mexia na bolsa, pegou dinheiro e colocou em cima da mesa, provavelmente pra pagar a conta do almoço e saiu em direção ao seu carro.

Ela se foi e levou uma parte minha junto com ela, ela havia levado meu coração...

SandCastles - DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora