B.O. 📵

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Antônio.

(...)

- Posso te perguntar uma coisa? — ela perguntou

- Até duas, linda.

- Você me perguntou aquele dia se eu tive alguém nesse tempo que a gente ficou separado, mas e você... você teve alguém?

- Claro que não. — respondi rapidamente

- Ah, entendi. É que eu pensei que talvez, você...

- Pensou errado linda — falei cortando sua fala — passei 1 mês chorando as pitangas por você e focado totalmente nos meus treinos pra abstrair a cabeça e não pegar o primeiro voo pro Brasil implorando pra você voltar pra mim. — falei rindo

- Mas os treinos, como estão? Você já está 100%?

- 99%, eu diria. Essa reta final vai ser mais intensa, até por conta disso tô dando graças a Deus da minha mãe estar vindo pra cá.

- Dona Wilma tá vindo?

- Sim, ela e o professor Dórea sempre vêm quando tem luta chegando e agora vou ficar mais aliviado de ter ela por perto né? Assim você não fica tanto tempo sozinha.

- Eu atrapalhei muito sua rotina né? Desculpa...

- Não atrapalhou não linda, só modificou os horários, faz parte e era necessário, então não foi nada demais. — falei roubando um beijo dela.

- Me conta mais sobre seu adversário, ele é... — ela procurava palavras — bom?

- Vou mentir pra você não linda, ele é casca grossa, não esperava lutar com ele logo na primeira luta, achei que seria lá pela semifinal. Ele é muito bom, principalmente no boxe.

- Misericórdia Jesus Cristo! Boxe é aquele que fica dando soco na cara né? — ela falou com os olhinhos arregalados e arregalou mais ainda quando me viu assentir com a cabeça — Meu Deus do céu, eu não vou aguentar isso não... Mas vai dar tudo certo né?

- Se Deus quiser sim — dei um beijo em sua testa.

Ficamos conversando por mais algumas horas, até que Amanda se acomodou no meu peito e dormiu em um sono profundo.

Fiquei parado a observando dormir e cara, namoral, como eu sou um homem de sorte...

A mulher mais linda do mundo está carregando o meu mundo inteiro dentro do seu ventre, tem coisa mais bonita que isso?

Foi impossível também não sentir aquele frio na espinha de pensar na luta, não que eu não estivesse confiante em mim mesmo e no meu talento, mas era muita coisa na cabeça, seria minha primeira luta depois da minha recuperação e a primeira luta como pai da Luna, tudo o que eu não quero é fracassar em frente aos meus dois maiores milagres, minha filha e minha cura.

Eu não poderia fracassar! Eu não posso! Eu não vou!

Minha cabeça rodava com tantas informações e tantas reflexões, até que peguei no sono e acordei com a linda visão da minha mulher deitada de lado com a barriguinha cada vez mais aparente.

Me levantei, fiz nosso café e ficamos na nossa rotina matinal de sempre.

- Eu preciso ir. — disse fazendo biquinho.

- Mas já? Tão cedo? — ela respondeu.

- Sim, hoje tenho um treino maior pra fazer — falei com a consciência muito pesada porque era mentira. — Volto no horário do almoço, você vai comigo lá buscar minha mãe e o professor no aeroporto?

SandCastles - DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora