Achou! 👩🏼‍⚕️

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Amanda.

Meus dias estavam extremamente monótonos desde que descobri a gravidez.

Eu sempre tive uma rotina muito ativa e a minha profissão fez com que eu me tornasse ainda mais agitada, eram dias intermináveis dentro de uma UTI indo pra lá e pra cá, ajustando e desajustando ventilação mecânica, definindo técnicas de tratamento pra cada um dos pacientes, fazendo e atualizando seus prontuários, observando melhora ou piora de cada um deles, falando com familiares, enfim, era uma rotina exaustiva, mas que eu amava.

Agora minha vida anda baseada em: da casa pro médico para exames do pré natal de Luna, do médico para o shopping, do shopping pra casa e as vezes, as vezes mesmo eu ia até a academia pra fazer uma esteira.

Essa não era nem de longe a vida que eu estava acostumada, mas essa era a minha realidade hoje e eu teria que me acostumar com ela.

Hoje seria mais um daqueles dias, acordei, tomei meu banho, fiz minha higiene matinal e só então percebi que minha barriga já roncava de fome.

Faltavam exatamente 1 semana para o Natal e a sensação que eu tinha era que a minha barriga estava prestes a explodir, a barriga de 6 meses pesava MUITO ao ponto de eu me sentir incomodada, cansada e até com preguiça de tentar fazer qualquer coisa.

Desci para o café da manhã e encontrei Lari já sentada na mesa.

- Bom dia flor do dia! — eu disse dando um susto na morena.

- Bom dia, meus amores! Dormiram bem? — ela respondeu.

- Com o sono dos Deuses! — respondi antes de deixar um beijo no topo de sua cabeça e sentar a sua frente na mesa.

Entre um pão de queijo e outro engatamos um papo longo sobre as nossas vidas atualmente que estavam totalmente opostas, ela no auge da carreira e eu no auge da gravidez. Ela no auge da boa forma e eu no auge da barrigota. Ela no auge do amor e eu no auge do desamor...

- E quais são os planos das minhas meninas para o dia de hoje? — Lari questionou.

- O mesmo de sempre... — disse quase que em tom de lamentação.

- Amiga, posso te falar uma coisa? — ela perguntou quase que em tom de bronca.

- Claro! — eu respondi já me preparando pra general Larissa.

- Eu sei que a sua maior prioridade hoje é ser a mãe da Luna, mas acho que você precisa encontrar um tempinho pra antes de ser mãe, ser mulher... Ser a Amanda, entende? — ela começou dizendo.

- Não, o que "cê" tá querendo dizer? — questionei com o cenho franzido, eu acho que eu sabia o que ela queria dizer, mas não tinha certeza.

- Você precisa ter os SEUS momentos também, você tá muito preocupada com ela e não está se preocupando com VOCÊ. Pra Luna estar bem, VOCÊ precisa estar bem, saca?

- Mas eu tô bem, Lari... — respondi a ela

- Eu sei que está, mas eu sinto no fundo do meu coração que você está se auto negligenciando, você tá deixando de se permitir viver devido a gravidez. Amiga, você não está doente. E a Luna está ótima e com saúde, então vá viver, mulher... Sai um pouco de casa, bota a cara no sol, vá voltar a se descobrir como MULHER.

Talvez seja verdade, eu estava tão focada em ser mãe que esqueci de ser eu.

- Todos os seus planos estão baseados pra quando a Luna nascer, mas e quanto a Amanda? A Amanda vai ser coadjuvante na própria vida até quando? Até mesmo o brilho dos olhos que eu sempre amei em você, só aparece agora quando se diz respeito a bebê, você precisa resgatar esse brilho no olhar por VOCÊ própria, entende? — ela continuou.

SandCastles - DocShoeOnde histórias criam vida. Descubra agora