Antônio.
Deixei Amanda em casa e segui até a academia, já pensando na hora de voltar...
A companhia dela era a melhor do mundo pra mim e agora o motivo de amá-la cresceu, aliás, duplicou. Ela carregava dentro de sí, o maior prêmio que eu já recebi na vida, então me afastar deles, mesmo que só por algumas horas era no mínimo dolorido.
Quando cheguei na academia Buchecha e Cigano que provavelmente estavam morrendo de curiosidade vieram até mim.
- Eai cara, desembucha logo o que a loirinha veio fazer aqui? — Buchecha já foi logo ao assunto.
- Opa, bom dia pra você também irmão — respondi.
- Bom dia um caralho, fala logo... — ele continuou.
- Ela veio me contar uma novidade.
- Novidade? E qual seria? Boa ou ruim? — Cigano entrou no assunto.
- É... basicamente ela veio me contar que eu vou ser... pai!
Os olhares de ambos vieram imediatamente ao meu encontro, enquanto um demostrava uma felicidade gigante, abrindo um sorriso o outro me olhava com os olhos arregalados.
- É O QUE???????????? Mano do céu, co... como isso aconteceu — Buchecha perguntou surpreso, obviamente ele era o que estava com os olhos arregalados com a notícia.
- Como aconteceu? E isso lá precisa de explicação?Transando ué, filhos acontecem quando a gente transa Buchecha, sei que você não tem muita prática e experiência nisso, mas os bebês não vêm da cegonha, tá? — Cigano falou dando risada, ele estava nitidamente feliz com o que tinha acabado de saber.
Eu gargalhei junto com ele, enquanto Buchecha nos mostrava o dedo como resposta.
- Mas mano, eai? Como vai ser as coisas daqui pra frente? — Buchecha continuou os questionamentos.
- Eu não sei cara, eu não sei... Eu mais do que ninguém queria ter essa resposta, mas eu realmente não sei. Já queria ela perto de mim antes e agora quero mais do que nunca.
- Então vai rolar é casamento, irmão! — Cigano comemorou.
- Também não sei cara, ela tá... diferente! Acho que definitivamente casar comigo não está nos planos dela. E eu também não vou forçar a barra em momento nenhum, eu só quero que ela e o bebê fiquem bem. — lamentei
- E quando ela volta pro Brasil, mano? — Buchecha continuou com suas incontáveis perguntas.
- Não tem data fixa e certa ainda, a médica só deixou ela pegar um avião quando completar 12 semanas, ela está de 7, então ainda tem um tempinho... Graças a Deus! — respondi.
- Meu irmão, meus parabéns! Bem vindo ao time dos papais, agora sim você vai ver o que é amor de verdade. — Cigano disse enquanto me abraçava forte.
- Obrigado meu irmão, muito obrigado.
- Mano, parabéns, eu sei lá o que dizer nesse momento, então só se prepara pra nunca mais dormir uma noite inteira — Buchecha me disse enquanto me puxava pra um abraço também.
- Obrigado seu babaca! — retribui o abraço — agora vamos parar com essa fofocaiada e bora treinar porque eu preciso ganhar as lutas pra pagar as fraldas direitinho — falei arrancando gargalhadas dos dois.
Começamos o treino de forma intensa, ter o Cigano como sparring era o melhor dos mundos, pois apesar dele ser um adversário duríssimo, ninguém seria melhor pra treino do que o melhor dos melhores, treinar com ele me deixaria pronto pra enfrentar qualquer adversário e além de tudo eu aprendia diariamente com ele. Era realmente um privilégio.
Enquanto descansava um pouco até começar o jiu-jítsu, fiquei pensando na minha atual fase, realmente só agora a vida começaria de verdade pra mim, a minha motivação diária viria em ser alguém que o meu filho de orgulhasse, ser alguém que ele admirasse, ser alguém que ele se inspirasse.
Quero que no futuro, ele assista as lutas e pense: aquele é o meu pai!
Quero que ele me veja como um vencedor!
É só isso que eu quero.
Fui firme no treino de jiu-jítsu e até que bati direitinho em Buchecha, assim que terminei essa etapa, fui imediatamente adiantar a musculação para que eu não precisasse voltar a academia hoje, ao invés de fazer os três treinos em períodos diferentes, adiantei todos para um período só.
Assim ficaria mais tempo em casa, visto que Amanda estava enjoando bastante e eu precisava estar ali por ela, ou melhor, por ela e pelo bebê.
Durante o caminho pensei no que preparar para comermos, já que a loira estava de repouso por orientação médica e precisava de alimentar por dois.
Enquanto repassava alguns dos nossos momentos juntos no dia de ontem, já que pensar nela com certeza era minha parte favorita do dia a vários meses, me lembrei que ela tinha me dito que só queria contar as pessoas sobre a gravidez após a 12º semana de gestação e eu boca de sacola que sou, acabei contando ao Buchecha e ao Cigano.
Ela vai me matar — pensei comigo mesmo.
Quando cheguei em casa, percebi que a sala estava sem ninguém e então fui em direção a cozinha pra colocar a água pra ferver pra preparar um arroz, mas no caminho até lá, já senti um aroma delicioso no ar e eu conhecia muito bem aquele cheiro.
Chegando na cozinha vi que Amanda não só já tinha preparado a comida, como havia feito um dos meus pratos favoritos, risotto de alho poró.
Ela cozinhava maravilhosamente bem, então com certeza aquilo estaria uma delícia.
Amandinha? — chamei por ela, mas ela parecia não me ouvir.
Fui subindo os degraus devagar tentando fazer o mínimo de barulho possível, imaginando que ela provavelmente estaria dormindo depois de ter cozinhado, a porta do quarto dela estava entreaberta quando percebi que ela também não estava na cama, mas estava tocando uma música, então isso significava que ela estava acordada.
Dei dois toques na porta e parei embaixo do batente e falei:
- Amandinha, não fica brava comigo, mas "cê" não vai acreditar no que eu fiz, esqueci do que você tinha dito sobre o tempo de gestação e acabei contando pro Cigano e pro Buchecha que... — parei de falar de forma automática.
Ela não estava deitada, mas em cima da cama estava uma mala aberta, não entendi o motivo e automaticamente entrei no quarto.
- Amanda? — repeti novamente
- Estou aqui — ela disse saindo do banheiro.
- Está tudo bem? — indaguei.
- Está. — ela falou dando de ombros.
- E essa mala aqui? Precisa de ajuda pra guardar?
- Não, é minha, é que eu decidi que vou voltar pro hotel.
Senti meu mundo desabar sob dos meus pés.
- Mas por que? O que aconteceu? Eu te fiz alguma coisa?
Minha voz demonstrava meu desespero interno em ouvir aquela frase.
- Não, você não me fez nada... Ah, Cecília esteve aqui hoje. — ela disse com um sorrisinho sarcástico no rosto.
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SandCastles - DocShoe
RomanceAntônio é um renomado lutador que acaba de se curar de um câncer e está tentando readaptar a vida sem restrições. Amanda é uma estudante de medicina sonhadora, doce romântica e completamente apaixonada pelo seu melhor amigo de infância: Rodrigo. Ser...