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No domingo Luke me chamou para sua casa.

Mas falando sério, não iremos fazer nada demais.

Pelo menos não agora.

Como estava fazendo frio e o quarto de Luke tem uma TV enorme, ele deu a ideia de assistirmos qualquer coisa enquanto ficávamos abraçados debaixo da coberta. Sabe, só pra estar perto do outro mesmo, sem fazer nada.

— Sabe o que eu acho que seria legal? Você colocar um piercing. — Ele falou de repente e eu arqueei uma sobrancelha.

— Que ideia mais aleatória é essa?

— Eu sei lá, só pensei que ficaria legal.

— E aonde você sugere que eu coloque? — Me virei um pouco para olhar para ele.

— Sobrancelha.

— Decidiu rápido.

— É que na verdade eu sonhei que você tinha colocado um piercing na sobrancelha. — Que tipo de pessoa sonha que um cara colocou um piercing na sobrancelha? Meu namorado.

— Sonho estranho. — Ri fraco — Mas deve ficar legal, sei lá.

— Claro que vai, você fica lindo com tudo. — Ele sorriu e eu me aproximei para dar um beijo em sua bochecha, mas ele virou o rosto, me fazendo beijar o canto de sua boca.

— Bobo. — Sorri.

Depois disso continuamos quietos em sua cama, até o loiro dizer do nada:

— Deu vontade de ir à praia.

— Só porque no comercial que está passando eles estão na praia?

— Acho que sim. Quer saber? Vamos?

— Você tá zoando né Luke?

— Não babe, é sério. — Ele começou a se sentar na cama, eu tive que fazer o mesmo - Vamos, aí na volta a gente passa num estúdio pra você colocar o piercing.

— Por acaso você é louco?

— Claro que sou. Louco por você. — Luke falou e sorriu de um jeito tão estúpido que eu não pude evitar rir e beijá-lo em seguida.

— Você é um idiota mesmo. — Passei a mão por seus cabelos que estavam um pouco bagunçados — Mas eu aceito a proposta, desde que a gente não vá de carro.

— Como quiser. — Se levantou da cama — Eu só vou pegar uma bermuda que não esteja furada.

— Luke, tá fazendo frio.

— E daí? Eu pego um suéter. — Ele foi até o guarda roupa, começando a pegar as coisas.

— Coisa mais linda você de chinelo, bermuda e suéter. — Me levantei também — Me empresta pelo menos um chinelo porque eu não vou sujar meus tênis.

— Fresco. Pode ficar com esse que eu estava. — Luke começou a tirar a calça moletom para colocar a bermuda, eu tenho certeza que ele vai morrer de frio —Você vai mesmo ficar de calça jeans preta na praia?

— Uhum. — Dei de ombros.

— Tá. Eu acho que vou colocar uma touca.

Luke colocou a touca e depois de um pouco de enrolação finalmente saímos de sua casa e começamos a caminhar em direção à praia.

Quando chegamos lá eu quase voltei todo o caminho. Havia acabado de me lembrar que era mesma praia que Alex havia me levado quando ainda estávamos juntos, droga.

— Estranho estar vazia. — Luke falou quando nos sentamos na areia, ele tinha se esquecido de pegar uma toalha.

— Deve ser porque está frio. — Ele me abraçou de lado e apoiou a cabeça na minha, fechando os olhos. Nós ficamos um bom tempo calados e como Luke não consegue ficar quieto, ele teve que acabar com o silêncio — Fala alguma coisa, você tá aí pensando faz um tempão.

— Eu não tenho nada pra dizer.

— Diz sobre o que você está pensando.

— Você não vai gostar nada. — Abaixei o tom de voz.

— Só fala.

— Tá, é que o Alex me trouxe aqui uma vez e disse que esse era o nosso lugar. E eu me odeio por não parar de pensar nisso, desculpa. — Falei com a cabeça baixa e Luke ficou calado por um tempo — Não vai dizer nada?

— Eu vou sim. A partir de agora essa praia é o lugar de Michael e Luke. Quem é esse tal de Alex? Nunca ouvi falar.

— Luke...

— Você tem que esquecer ele Mike, foca em nós dois. — Ele segurou meu queixo, o erguendo — Só em nós. — Um beijo apaixonado era o que eu estava precisando, e acho que ele sabia disso. Luke colocou a mão na minha cintura, me aproximando mais dele. Tivemos que parar o beijo por um tempo e ele aproveitou para dizer: — Você não pode ficar pensando nesse cara, eu estou aqui pra você Mike.

— Eu sei, me desculpa, eu nem devia ter te contado. — O abracei e ele apertou ainda mais o abraço.

— Não precisa pedir desculpas, é só não falar do Alex de novo. — Assenti — Eu odeio aquele cara.

— Para Luke. — Tentei parecer sério mas acabei sorrindo, sem motivo mesmo.

— Espera, olha pra mim. — O obedeci — Você tá com o rosto todo vermelhinho por causa do frio, que coisa mais fofa.

— Você pode ser bem gay quando quer. — Ele riu.

— Me desculpe se eu acho meu namorado fofo. — Me deu um selinho rápido — Você aceitaria se deitar aqui comigo?

— Deitar na areia? Você está querendo demais meu amor.

— Então deita em cima de mim. — Arqueei uma sobrancelha e ele me imitou — Tô falando sério.

— Eu não.

— Então eu deito e você fica sentado. — Ele começou a se deitar — Meu cabelo não vai sujar, eu estou de touca. Se é disso que você tinha medo.

Luke acabou me vencendo e eu também me deitei, mas em seus braços e com a cabeça em seu peito. Ele acariciava meu cabelo como sempre e eu senti que dormiria a qualquer hora.

— Não dorme não. — Ele me seu um tapinha no ombro e eu abri os olhos. Desde quando eu estava com os olhos fechados? — Vamos lá colocar seu piercing antes que você caia no sono.

— Tem que ser hoje mesmo? Eu achei que você estava brincando.

— Mas não estava. Vamos. — Com muita preguiça eu me levantei.

- - -

Já era noite quando saímos do estúdio. Até que doeu um pouco colocar o piercing, mas nada insuportável.

Eu acabei colocando na sobrancelha como Luke havia sugerido, até que ficou legalzinho.

Mas minha mãe me mataria.

- - -

Depois de alguns "Isso é influência do Lucas!" "Não quero te ver com a cara toda furada igual a dele." e vários outros berros, eu consegui convencer minha mãe de que o piercing não era nada demais.

Eu liguei para Luke e passei o resto da madrugada conversando com ele. O loiro me fazia rir até das coisas mais idiotas, quase acordei minha mãe com a minha risada.

Eu não me arrependo de forma alguma de ter aceitado namorar com ele.

punk boy ✖ mukeWhere stories live. Discover now