Enzo Martins
Felipe ficou a festa toda vigiando a Amanda igual segurança.
O gelo das bebidas acabaram e ele pediu pra eu ir no freezer dos fundos pegar mais um pacote.
Conferi e vi que não tinha mais nenhum resquício de gelo, acabou todos os pacotes da casa.
Quando eu fui voltar pra dentro da casa, trombei na Jade.
— Quem te convidou? - Perguntei cruzando os braços.
— Por quê? Quer agradecer a pessoa? - A sonsa respondeu.
— Não, quero dar uma surra mesmo. - Respondi sem paciência.
— Credo, que grosso. - Ela reclamou e eu revirei os olhos tentando sair dali.
— Não começa, garota. - Falei tirando a mão dela do meu braço — Seria muita humilhação você dar em cima de mim depois do fora que levou da última vez.
Ela me olhou com raiva e saiu pisando duro, voltando pra dentro da casa.
Vou falar pro Felipe começar a colocar segurança nas festas dele.
Voltei pra dentro da casa com o intuito de avisar o Felipe que não tinha mais nenhum pacote de gelo.
Encontrei a Cecília na cozinha me olhando como se tivesse levado um susto.
O copo de água que ela segurava caiu no chão e eu me aproximei pra perguntar se ela tava bem.
Ela deixou o copo pra trás e saiu quase que correndo.
Esse povo hoje tá tudo doido, só pode.
Limpei a água que ela deixou cair no chão, com medo de algum bêbado escorregar e cair.
Imagina se a festa acaba com ambulância na porta da casa.
A mãe do Felipe mataria ele, sem dúvidas.
Voltei pra festa e o Felipe tava no mesmo lugar de antes.
Ele me viu e me olhou apavorado, olhei confuso pra ele sem entender nada.
— Acabou o gelo. - Falei assim que ele se aproximou de mim.
— Vai buscar gelo. - Ele falou rápido e eu olhei pra ele desconfiado.
— Tá maluco, cara? Acabei de te falar que não tem mais gelo. - Falei desviando dele e ficando imóvel com a cena que eu vi.
Senti uma dor na espinha, o coração acelerar, um embrulho no estômago.
A Cecília tava beijando o Guilherme. Ela tava com os braços ao redor do pescoço dele e ele segurando a cintura dela retribuindo o beijo.
O Felipe voltou pro meu lado e a Amanda se aproximou sem saber o que dizer.
Ficou somente o som da música tocando, nenhum de nós três falamos nada.
Minha respiração parecia ficar mais pesada a cada segundo que eu assistia a cena.
Saí da casa do Felipe e ignorei ele me gritando enquanto eu entrava no meu carro.
Liguei o carro e acelerei, com o objetivo de voltar pra minha casa.
Eu batia no volante morrendo de ódio do que eu vi, meu olho enchia de lágrima.
Depois dessa, eu nunca mais quero olhar na cara da Cecília.
Cheguei rápido na minha casa e estacionei de qualquer jeito.
Subi pro meu quarto e joguei meu celular na cama com força, que acabou caindo no chão.
Abri meu guarda roupa e peguei as duas alianças que eu deixei guardadas.
Fui até a janela e abri, jogando as alianças longe.
Tirei meu tênis e ignorei meu celular tocando, com certeza é o Felipe preocupado.
Agora eu não quero ver e nem falar com ninguém, só consigo sentir raiva.
Minhas mãos tão tremendo de tanto ódio que circula na minha corrente sanguínea.
Minutos depois o Felipe entra pela porta sem nem bater.
— Porra, saiu igual um maluco da festa e não atende a buceta desse celular. - Ele falou apontando pro celular que tava no chão.
— Fala baixo se não a Lara vai acordar. - Falei respirando fundo, deitando na cama — Largou duzentas pessoas na sua casa?
— Claro. - Respondeu sentando na cama — Olha o jeito que tu saiu de lá, porra. Fiquei preocupado.
— Eu não acredito que ela fez isso comigo. - Falei coçando meu rosto com força.
— Vocês não tão juntos. - Ele falou baixo e eu joguei um olhar mortal pra ele.
— Se for pra defender a Cecília, pode ir embora. - Falei apontando pra porta e ele negou.
— Não to defendendo, porra. - Ele contestou — Achei um puta vacilo ela ficar com o Guilherme, ainda mais na sua frente.
— Só de lembrar a cena me dá ódio. - Falei pegando um travesseiro e jogando no chão com toda força que eu tinha.
— Vai acordar tua irmã, porra. - Felipe brigou e eu me joguei na cama de novo.
— Volta pra festa, cara. É muita maluquice deixar a casa sozinha com aquele tanto de gente. - Falei mais calmo.
— Não vai fazer nenhuma besteira se eu for? - Perguntou e eu assenti — Então eu vou, se cuida.
Ele saiu do meu quarto e eu fui tomar um banho gelado pra esfriar a cabeça.
A Cecília acabou com qualquer chance que tínhamos de voltar.

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Aquela Pessoa
Ficção AdolescenteEm um dia comum no estacionamento da faculdade, um acidente inusitado une os caminhos de duas pessoas que, até então, eram completos estranhos. O impacto do encontro vai muito além dos carros amassados: suas vidas começam a se entrelaçar de maneira...