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Martin estava sentado no sofá da sala, ao lado de Sukey e de frente para Ana Clara e Lorraine, que estavam espremidas na grande poltrona que Anis tinha transportado do quarto até a sala. Estavam empolgados conversando sobre adaptações de livros antigos.


Pamela e Paloma estavam sentadas no chão, perto do sofá, as costas apoiadas na parede da janela e as pernas estendidas à frente do corpo. Pamela estava contando os detalhes da sua cirurgia enquanto Paloma puxava o assunto para o podcast que Anis tinha estreado com a amiga. Kai era o único do grupo que estava sentado na sala de jantar, quase de costas para Bird e Anis, que estavam sentados no sofá do canto alemão.


Bird esfregou as mãos pela milésima vez, nitidamente tímido por ter encontrado uma festa acontecendo.


– Desculpe por vir sem avisar - ele deu um sorriso fraco para ela. - Eu peguei seu endereço há uns dias, com a Ana Clara, para te mandar flores. Queria te parabenizar pela estreia do programa.


– Precisava? - Kai perguntou, digitando furiosamente em seu celular. Ele nem mesmo se virou para olhar para Bird. - Você poderia ter mandado para a empresa.


– Sim - Bird olhou para Kai de canto, e Anis percebeu que ele parecia confuso com a reação de Kai sobre a sua presença. - Mas eu não quis parecer grosseiro com o resto da equipe. Quer dizer, não que seja educado aparecer na sua casa sem avisar.


– Eu diria que não tem problema, mas não seria verdade - Anis sorriu para ele, tentando ser o mais suave possível. - Sendo bem sincera, isso me parece invasão de privacidade. Não somos amigos.


– Eu sinto muito mesmo. Não quis ofender ou ser rude, mas acabou que eu nem te trouxe as flores - ele corou um pouco, coçou a nuca e deu um longo suspiro. - Soube da sua estreia e perdi meu amigo no mesmo dia. Foi muita coisa para assimilar. E quando eu ia te enviar uma mensagem me desculpando, dizendo que sentia muito e que não tinha esquecido de te enviar flores de propósito, vi sua mensagem.


Kai inclinou um pouco a cabeça na direção deles, o ouvido projetado para a conversa, os dedos parando de digitar instantaneamente. Ninguém notou sua concentração.


– Bom, não quero ser grossa, mas eu não estava esperando flores. Para ser sincera, eu nem sabia que você me seguia até precisar te enviar a mensagem de condolências.


– Condo... - Bird coçou a cabeça, tentando entender.


– A mensagem de pêsames. Digo, até precisar dizer que sentia muito - Anis apoiou os braços na mesa, estendendo o corpo para frente e estalando a coluna no processo. Ela lhe deu um sorriso cansado. - Como não somos amigos, eu só quis dizer que sentia muito, por uma questão de educação. Fiquei com um pouco de peso na consciência quando soube que tinha perdido um amigo. Sei lá... Eu tinha participado de um programa com você há poucos dias, e você foi tão gentil comigo. Eu me senti mal por ter sido cruel sobre seu trabalho depois de tudo isso.


– Não se sinta - Bird também esticou o corpo sobre a mesa, os dedos passando da distância que os de Anis tinham alcançado. - Não foi culpa sua ele ter falecido. Na verdade, você estava certa naquele dia. É só que, bom, a indústria realmente nos obriga a conviver juntos, mas a gente acaba se amando nesse processo. Aprendemos e crescemos muito uns com os outros, nos adotamos como parte da família, porque não conseguimos mais ver nossas famílias como antes. Passei minha vida inteira com a minha mãe e meu pai, mas tem momentos em que sinto que passei mais tempo com os meus amigos, mesmo que sejam só alguns anos.

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