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A porta da sala de reuniões se abriu em um rompante, uma garota chamada Zilda marchou para fora e empurrou a madeira com força em direção ao batente. O baque fez todos pularem em seus assentos.


– Ela é tão temperamental - Ana Clara revirou os olhos para todos na equipe. - Mas concordo com ela. Por que não podemos revezar as pautas? Já que vão ser quadros, qual o problema de falarmos sobre uma fanfic em cada episódio?


– Porque é desafiador encontrar boas fanfics todas as semanas - Anis se recostou na cadeira, se esforçando para manter a calma. - Eu sei o que estou dizendo. Eu leio uma fanfic nova dia sim dia não.


– Você lê fanfics? - Paloma balançou seu cabelo chanel com uma expressão de ênfase, afastando os fios do rosto e sorrindo de um modo sugestivo para Anis.


– Leio - ela sorriu para Paloma. - Eu sei. Vocês todos acham que eu só leio livros clássicos e enormes, mas eu adoro ler fanfics. Até as com cenas de sexo.


– Boa piada - Ana Clara fez uma careta.


– É verdade. Eu adoro. Mas, de novo, preciso que sejam histórias de verdade e não só cenas empurradas pela minha garganta. Nada absurdo e nojento quanto aqueles populares que até viraram filmes, e alimentam a imaginação jovem com sexo violento e agressivo. Eu tenho padrões.


– Exatamente - Kai apontou para ela, impedindo que Ana Clara dissesse o que estava prestes a dizer. Mesmo em silêncio, ela revirou os olhos para ele, enquanto Anis erguia o queixo e sorria. - E é por isso que não podemos falar de fanfics em todos os episódios. Sendo muito sincero, isso me ofende também. Como leitor. Porque eu quero ler bons livros, e quero falar sobre eles.


– Fanfics também são boas - Ana Clara resmungou, fazendo um biquinho.


– Sim, mas não vamos ser agraciados com uma ótima fanfic todas as semanas - Anis sorriu para o produtor do novo programa. - Posso falar sobre fanfics usando livros reais?


– E como isso seria?


Arthur Quentin Lorca era o tipo de homem que sorria demais, o que fazia Anis erguer os cantos da boca de forma forçada. Ele tinha cabelos lisos e grossos demais, cheios de gel e muito escuros. Os olhos verdes pareciam analisar muito todos ao seu redor.


No início da reunião, Kentucky tinha apresentado-o como um dos novos investidores, responsável por ceder dinheiro e produzir o novo programa dos sábados. Ao que tudo indicava, ele era um filho de família pobre que cresceu do nada de forma natural na internet, depois de se mudar do México para o Brasil e gravar vídeos falando sobre futebol.


Ele sorriu para ela novamente, porque seus lábios pareciam sempre prontos para sorrir em excesso. Anis adorou o incentivo, se aprumou na cadeira e começou a falar usando as mãos.


– Eu traria, no final dos episódios, dicas de livros bons que nasceram como fanfics. Mesmo porque, fanfics não são apenas livros ruins sobre sexo que nasceram na internet.


– Não? - Ana Clara pareceu confusa.


– Em definitivo - Kai deu um leve cutucão na cintura dela, fazendo-a se encolher e quase rir. - Mesmo com sucessos assustadores como "After", as fanfics não nascem, necessariamente, na internet.

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