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Anis estava sentada na mala, trocando mensagens com sua mãe enquanto esperava sua carona chegar. Martin parou o carro na frente do seu prédio, mas teve que tocar a buzina para que ela prestasse atenção. Sukey sorriu para ela, colocando o cotovelo para fora da janela do carro.


– Como foi a noite de trabalho?


– Revigorante - Anis enfiou a mala no bagageiro quando a porta se ergueu sozinha. Quando entrou no carro, ela se sentou no banco traseiro, nas costas de Martin. - Comecei a escrever era uma da manhã. Só parei às cinco, quando já tinha seis capítulos esboçados.


– Vou poder ler o que você escreveu?


– Assim que chegarmos na sua mãe - Anis pegou seu notebook de dentro da mochila e o ligou. - Eu demorei para começar porque o Kai e o Bird demoraram um pouco para ir embora. O motorista do Bird teve que dar uma carona para o Kai, porque não tinha Uber por perto e eles estavam cancelando.


Ela não notou quando Martin trocou um olhar rápido com Sukey, antes de voltar a olhar para frente. Sukey deu um sorrisinho para a paisagem para a janela lateral do carro, coçou a ponta do nariz e suspirou.


– E como anda a história?


– Acho que está boa. É sobre o Kleber, de "O elo de Satã" - ela apertou os olhos para ver a tela do computador mesmo com o Sol batendo no seu rosto, o óculos de Sol balançou um pouco com o movimento do nariz, e ela ergueu o rosto para o retrovisor. - Tem bastante potencial. Mas só vou saber como está mesmo quando estivermos na tia.


– Quero saber como ele ficou depois do fim do livro - Martin sorriu, balançando a cabeça. - Eu acho que era o personagem mais chato da história, mas gostei da redenção dele.


– E falando em gente que você odeia: como andam as coisas da herança? - Anis viu quando Martin apertou o volante com mais força.


– O Camilo disse que a esposa dele quer a metade da casa para investir por lá. Mas eu só quero que eles se lasquem com os investimentos. Não quero saber de ela tentar tapear a minha mãe.


– Chamamos três avaliadores para a casa e eles disseram que temos que dar uns cento e cinquenta mil para eles - Sukey fez uma careta para o próprio celular. - Vamos dar um jeito de resolver isso, nem que eu tenha que vender meu apartamento antigo.


– Mas esse é o valor em reais, né? - Anis apoiou o queixo no encosto do banco de Martin.


– Óbvio - ele rangeu os dentes. - Eu odeio isso. Quer dizer, não o meu irmão, mas essa situação toda. Não gosto nem um pouco daquela coisinha com quem ele se casou.


– Martin... - Sukey o repreendeu.


– Agora não posso nem ser sincero? A Anis concorda comigo.


– Ih, nem vem! - Anis se recostou de novo no banco e voltou a focar sua atenção no arquivo do seu novo livro. - Não me jogue de um lado para o outro como quando a gente era criança. Eu sou a prima do meio e vocês ficavam agindo como se eu fosse a sua irmã caçula e a mãe dele. Não é um problema meu.

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