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Anis abraçou a tia, apertando seus braços ao redor do seu pescoço. Kai estava sentado ao lado dela no parapeito do terraço da casa.


– Obrigada, minha querida. Não se esqueça de ir para a cama cedo - ela depositou um beijo na testa de Anis e estendeu o corpo para frente, depositando um beijo simpático na bochecha de Kai. - Boa noite para você também, menino. Espero que tenha gostado da festa.


– Eu sou imensamente grato pela hospitalidade de última hora, senhora Sayuri - Kai retribuiu o beijo de cumprimento e sorriu. - Sinto muito por ter invadido sua festa e ter arrastado a Anis para uma live depois do parabéns.


– Não diga isso - Sayuri afastou a ideia com um gesto da mão. - Fico feliz de ver que ela tem trabalhado com o que ama. É bom ver ela crescendo. Não se esqueçam de ir dormir cedo.


Anis e Kai acenaram com a cabeça, e assim que Sayuri entrou na casa, eles voltaram a se acomodar no parapeito. A vista na sua frente era um pequeno pomar com um muro longo e bege ao fundo. Uma cadeira antiga, toda de madeira, estava colocada de frente para eles, bem embaixo de uma das macieiras.


A casa de Sayuri era uma construção térrea antiga toda pintada de branco, com os batentes das portas e janelas pintados de verde oliva e as madeiras das portas e das janelas pintadas de amarelo mostarda. O terraço da casa tinha parapeitos brancos e pilares de tronco de árvores, que sustentavam um teto de madeira claro em estilo macho e fêmea.


– Então, vocês costumam se esconder aqui com frequência? - Kai estendeu a mão e pegou uma goiaba que estava quase tocando sua cabeça. Era a única árvore do pomar que estava perto demais da casa. - Vi várias fotos no seu Instagram desse lugar. Quando estava chegando, também bati uma foto daquelas maritacas.


– Aquela casa também é da nossa família. Era do tio de terceiro grau. Ou seria quarto grau? - Anis pareceu pensar, balançando os pés longe do chão. - Sempre me confundo com os graus. De qualquer forma, é da família.


– Parece uma casa abandonada.


– Porque está. Teve uma chacina lá há anos. Década de sessenta. Toda a família decidiu que a casa deveria ficar fechada até que a gente descubra o que fazer com ela.


– Sinto muito - Kai pareceu ficar incomodado com a conversa, e se distraiu um pouco girando a goiaba nas mãos. - Se importa se eu perguntar se a sua tia era a companheira daquele músico famoso?


– O Cole, baixista da banda do William Max? - Anis tinha pendido a cabeça para trás, os olhos estavam fechados, aproveitando a brisa noturna. Ela olhou para ele de canto quando notou que ele estava ponderando se perguntava mais. - Só um minuto.


Anis passou as pernas por cima do parapeito e entrou na casa. Ela pegou um porta-retratos que estava pendurado entre as fotos de família na parede da peça da televisão.


Ela estendeu o porta-retratos para Kai quando voltou a se sentar ao seu lado, passando as pernas novamente sobre o parapeito.


– Esse é o tio Cole, pai do Martin - ela indicou ele na foto. - Tia Sayuri é filha de pai japonês e mãe preta, por isso ele parece mais asiático do que preto. O pai dele era branco, e com a genética do vô japonês dele, ele saiu assim.

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