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– Deixa eu ver se eu entendi: você não vai gravar as cenas complementares porque vai para uma delegacia? - Kai ergueu uma sobrancelha para Anis. - Achei que você tinha dito que domina muito pouco o mandarim.


– E é isso mesmo - Anis estava sentada em um banco na lateral do estádio, esfregando lenços demaquilantes no rosto e ignorando o olhar de Kai. - O advogado do grupo do Bird me indicou um advogado daqui. Vamos nos encontrar com ele.


– Vamos?


– Zilda e eu - Anis deu de ombros, como se aquilo não importasse muito.


– Você vai voltar a tempo de gravar, pelo menos, algumas imagens? Eu sei que o evento oficial é só daqui uns dias, mas precisamos de cenas extras - ele esfregou os olhos com as pontas dos dedos, tentando se concentrar para achar uma solução. - Se você voltar antes das...


– Não vou dar certeza. Pode demorar mais do que o esperado - Anis descartou outro lenço com uma cor estranha, vinda da mistura de todas as cores que tinha no rosto, e pegou mais um, voltando a esfregar o tecido fino na pele quase limpa. - Não posso prometer voltar cedo.


– Anis, eu estou te implorando... Preciso que você tenha algumas imagens nesse evento preliminar - Kai respirou fundo, colocando as mãos na cintura e se inclinando para trás. Ele piscou com força para o céu antes de voltar a se alinhar e falar. - Você é nossa principal apresentadora.


– Não. Eu sou uma co-apresentadora. É isso que diz no meu contrato. Paloma, Ana Clara e eu temos o mesmo tempo de tela e somos parceiras.


– Você é o foco do programa...


– Não sei onde acha que está indo - Arthur interrompeu Kai, se aproximando dos dois com as mãos na cintura, passos pesados e um olhar irritado e vidrado. Ele deu um risinho de escárnio quando viu que Anis já tinha removido quase toda a maquiagem. - Não vou te deixar sair assim, sem dar explicações.


– E você, por acaso, é meu dono? - Anis fechou o espelho de mão que estava segurando e o jogou de volta dentro da própria bolsa. Ela o encarou muito séria, abandonando o lenço usado junto com os outros, dentro de um saco de papel que Zilda tinha conseguido para ela. - Meu contrato diz que você é meu chefe, não meu dono. Eu tenho que fazer uma coisa e você não pode me impedir.


– Eu pago seu salário, então é como se fosse o seu dono - Arthur respondeu, se aproximando mais dela e abaixando. O rosto dele ficou perto demais do dela, as bochechas coradas de raiva e o olhar brilhante. - Vamos deixar uma coisa bem clara: eu cansei. Já chega! Perdi completamente a paciência com você e os seus mimos.


– Ei! - Kai tentou afastar Arthur, mas ele puxou o braço e se aproximou mais. Anis continuou encarando-o sem expressão, o tórax erguido em posição de afronta e os ombros abertos e bem alinhados. Ela deu um sorrisinho debochado enquanto ele voltava a falar.


– Não adianta se fingir de forte, abrir esse seu sorriso debochado para mim. Eu cansei, de verdade, de você e seus planos. Aguentei demais, lidei muito bem com as suas crises e os seus ataques. Fingi que não estava vendo você usar o nosso dinheiro para vir para a Ásia e passar um tempo com o seu namoradinho. Não vou mais gastar o meu dinheiro com você...

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